Médico cubano que atuava em Sousa faz vaquinha para ir até Brasília buscar diploma e continuar a trabalhar

18/04/2019

Um médico cubano que atua na cidade de Sousa, no Sertão do Estado, iniciou uma vaquinha para conseguir ir até Brasília receber seu diploma para legalizar seu trabalho no Brasil. Ele fez o Revalida e agora só precisa buscar o diploma nacional na Universidade de Brasília (UnB).

Ariel Sanchez, de 45 anos, disputou uma das 600 revalidações de diploma de médico e concorreu com outros 8 mil candidatos. Logo na primeira fase da prova, ele obteve 91 pontos, onze a mais do que a nota de corte. "No Revalida anterior, o limite era 56 pontos. Ficou muito mais difícil". Já na segunda fase do exame, prática, ele tirou 63 pontos, um a mais do que a nota de corte.

O médico Ariel Sanchez pode ser contatado através de seu perfil no Facebook.

Em entrevista ao UOL publicada nesta quinta-feira (18), Ariel Sanchez tem planos de continuar trabalhando em Sousa após pegar o diploma. "Meu plano é devolver todo o bem que o povo de Sousa tem me dado. Eu poderia pegar o CRM (registro profissional) e meu diploma e ir para qualquer lugar do Brasil. Mas eu tenho um comprometimento moral com o pessoal daqui", destacou o médico.

Na cidade de Sousa existem 32 postos de saúde. Porém, desde que Cuba deixou o Programa Mais Médicos, a cidade ficou sem especialistas para o Programa Saúde da Família. Ariel afirmou ainda que  "eu vou pedir ao prefeito para voltar ao postinho onde trabalhei por cinco anos. Quem sabe, para ajudar esse povo que tanto faz por mim".

No ano de 2013 Ariel Sanchez desembarcou no Brasil como um dos primeiros especialistas a integrar o Mais Médicos. Ele se formou pela Universidade de Havana, em Cuba, há 20 anos.

Ariel foi trabalhar na cidade de Sousa e, em 2014, conheceu sua futura esposa Vânia. Logo em 2015 tiveram um filho, Adriel.

No entanto, em novembro do ano de 2018, Cuba decidiu deixar o Programa Mais Médicos. Ariel decidiu que não iria voltar para seu país e permanecer na cidade de Sousa. Com isso, perdeu seu emprego.

A sua última esperança para continuar seu trabalho como médico era ser aprovado no Revalida, que regulariza o diploma estrangeiro no Brasil. Com o diploma revalidado, ele pode receber o registro no Conselho Regional de Medicina e retomar seu trabalho.

Desempregado há cinco meses, Ariel lamenta não ter dinheiro para buscar seu diploma. "Não tenho dinheiro e preciso viajar até o fim do mês a Brasília para pegar o meu diploma. A passagem custa até R$ 1.300", alertou o médico.

Depois de ter ficado desempregado, Ariel Sanchez e sua família vivem à base de doações de antigos pacientes. Apesar das dificuldades financeiras, Ariel comemora o fato de não faltar solidariedade. "É tanta doação de alimento que temos comida para um ano. Vem muita gente, quatro, cinco, seis pessoas por dia. O povo reclama, mas tem muita gente boa no Brasil", diz ele.

clickpb




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