E a covid-19?
Uma relação com o coronavírus também não está descartada, afirma o professor de virologia. É possível que algumas dessas crianças com hepatite tenham tido covid-19, o que afetou seu sistema imunológico, dificultando o combate a vírus típicos da infância.
Segundo a OMS, o coronavírus Sars-Cov-2 foi detectado em 20 crianças com hepatite, mas nem todas foram testadas. Além disso, 19 foram detectadas com uma coinfecção por Sars-Cov-2 e adenovírus.
Na Escócia, por exemplo, há uma variedade de resultados de testes disponíveis entre os 13 casos de hepatite em crianças registrados no país. Desses 13, três deram positivo para infecção por covid-19, cinco testaram negativo e dois contraíram o vírus nos últimos três meses. Apenas 11 dos 13 casos foram testados para o adenovírus, com cinco deles resultando positivo.
Se a infecção por covid-19 não for a raiz do problema, o efeito da pandemia na saúde das crianças pode ter desempenhado um papel, afirma Irving.
"Você tem uma coorte de crianças que foram amplamente protegidas, as crianças muito pequenas. Portanto, elas não foram expostas à variedade de infecções por vírus a que normalmente seriam expostas", explica o especialista.
"Vimos neste inverno [no Hemisfério Norte] níveis muito altos de toda uma gama de infecções por vírus em crianças, incluindo adenovírus", acrescenta. "Talvez tenha a ver com o fato de que elas tiveram dois anos de relativa esterilidade em que não estavam sendo expostas e, de repente, elas têm uma série de infecções, incluindo adenovírus, com as quais elas não estão lidando da maneira normal."
Uma coisa é clara: a hepatite não está sendo causada pelas vacinas contra a covid-19, destaca Sutcliffe, da University College de Londres, uma vez que as crianças que contraíram a doença não haviam sido vacinadas.
É motivo para pânico?
Sutcliffe pede calma aos pais. "Meu entendimento é que muitas [crianças com hepatite] melhoraram, o que é o normal. Se reduzirmos [o surto] a um risco de insuficiência hepática, o risco é muito pequeno. Então, penso que não devemos exagerar", diz o especialista.
Irving, por sua vez, afirma que espera ver muitos outros casos relatados nas próximas semanas, à medida que as autoridades de saúde tomarem conhecimento e começarem a rastrear o surto. O fato de o Reino Unido ter detectado tantos casos até agora se deve provavelmente aos rigorosos sistemas de relatos de saúde do país, afirma o especialista.
"Eu não entendo o Alabama", diz Irving. "Quero dizer, por que você teria nove casos em um estado e nenhum caso nos outros 49 estados? Não faz sentido. Acho que deve ser uma função de vigilância. Acho que se está ocorrendo no Alabama, está ocorrendo em outros lugares. Eles apenas ainda não sabem disso."
G1 PB