Rússia e Ucrânia se reúnem hoje e tentam cessar-fogo decisivo

04/03/2022
A reunião acontecerá um dia após a queda da cidade portuária de Kherson, de 290.000 habitantes, no sul do país, às margens do Mar Negro. Tropas russas avançam em cidades do leste do país, como Kharkiv e Mariupol
A reunião acontecerá um dia após a queda da cidade portuária de Kherson, de 290.000 habitantes, no sul do país, às margens do Mar Negro. Tropas russas avançam em cidades do leste do país, como Kharkiv e Mariupol

guerra na Ucrânia chega nesta quinta-feira, 3, a seu oitavo dia de combates. Uma segunda rodada de negociações visando um eventual cessar-fogo, ventilada desde ontem, deve acontecer nesta tarde em Belarus, após uma primeira reunião nesta semana não ter avançado. 

Enquanto isso, as Nações Unidas reportam que a guerra já levou à fuga de um milhão de refugiados. O governo ucraniano estima que o número de vítimas já chega a 2 mil civis. 

Os combates continuaram na madrugada desta quinta-feira. Ao sul, o prefeito de Kherson, Igor Kolykhayev, confirmou que a cidade de 290 mil habitantes está sob controle russo, após combates desde ontem. Esta é a maior vitória até o momento das tropas russas. 

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As tropas também prosseguem com a ofensiva em cidades do leste do país, sobretudo Kharkiv, a segunda maior da Ucrânia e a que tem sofrido alguns dos piores ataques até agora, e Mariupol, ponto estratégico perto da Crimeia, anexada em 2014.

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A capital Kiev não teve vítimas nesta noite, segundo as autoridades. Veja abaixo as últimas atualizações. 

Negociações sobre cessar-fogo 

Os avanços militares da Rússia acontecem poucas horas antes da segunda rodada de negociações entre as partes desde o início da ofensiva, determinada em 24 de fevereiro pelo presidente Vladimir Putin. 

As discussões acontecerão em um ponto de Belarus próximo da fronteira com a Polônia", afirmou o líder da delegação russa, Vladimir Medinski. 

Os primeiros contatos na segunda-feira, também em Belarus, não registraram avanços. 

Kiev descarta uma rendição e exige um cessar-fogo, assim como a retirada das forças invasoras de seu território. 

Moscou exige o reconhecimento da Crimeia como território russo, assim como a "desmilitarização e ‘desnazificação‘ do Estado ucraniano". 

O governo dos Estados Unidos quer "apoiar os esforços diplomáticos" da Ucrânia para alcançar um cessar-fogo com a Rússia, embora "seja muito mais difícil de conseguir quando os tiros ressoam e os tanques avançam", afirmou o secretário de Estado Antony Blinken. 

Cerco a Mariupol 

Além do controle sobre Kherson, as tropas invasoras já tomaram o controle de outro importante porto do país, Berdyansk, também ao sul. 

Na cidade portuária de Mariupol, ao leste, ataques intensos continuaram nesta quinta-feira. 

O local é estratégico para as tropas russas por estar isolado entre dois territórios já conquistados: a Crimeia, anexada em 2014, e as regiões separatistas de Donbas, das quais a Rússia reconheceu a independência em fevereiro e onde também estão parte das unidades russas de combate. 

A Câmara de Mariupol disse que um "genocídio da população ucraniana" tem sido cometido na cidade, segundo reportado pela agência Reuters. 

"Por sete dias, deliberadamente, eles têm destruído nossa infraestrutura vital. Não temos luz, água ou aquecimento novamente." 

A situação "piora a cada hora", disse Maryna, de 28 anos, à AFP, antes de afirmar que o centro da cidade foi esmagado. 

Outro ponto importante do conflito é Kharkiv, a segunda maior cidade do país, com 1,4 milhão de habitantes, cenário de intensos bombardeios e combates na quarta-feira, quando tropas aerotransportadas russas desembarcaram na localidade. 

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) denunciou a morte de uma funcionária na cidade, onde afirmou que "mísseis, projéteis e foguetes atingem edifícios residenciais e centros urbanos, matando e ferindo civis inocentes". 

Líderes religiosos citados pela agência Interfax afirmaram que uma igreja ortodoxa em Kharkiv foi atingida, mas sem provocar vítimas. 

Autoridades locais também denunciaram ataques aéreos na cidade próxima de Izium que mataram oito pessoas, incluindo duas crianças. 

Situação em Kiev 

Na capital Kiev foram ouvidas fortes explosões durante a noite, de acordo com mensagens nas redes sociais, mas que as autoridades afirmam terem sido defesas aéreas. Dezenas de famílias permanecem refugiadas na estação de metrô de Dorohozhychi. 

O prefeito Vitali Klitschko afirmou nesta quinta-feira que a situação é "difícil mas sob controle". Afirma que não houveram mortes ao longo da noite. De acordo com Klitschko, as explosões ouvidas foram sistemas de defesa aéreas contra mísseis russos, segundo a Reuters. 

Um informe de inteligência do governo do Reino Unido reportou que as tropas russas seguem a 30 quilômetros de distância de Kiev, sem terem obtido avanços significativos nas últimas horas. 

Em sua última fala nesta quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a mudança de estratégia russa, passando a bombardear redutos civis com mais frequência, mostra que o plano inicial do governo de Vladimir Putin, de tomar a Ucrânia rapidamente, falhou. 

Zelensky afirmou que as linhas de defesa estavam resistindo aos ataques russos. Na fala, lembrou também que, há dois anos, a Ucrânia registrava seu primeiro caso de covid-19, e que, agora, "um vírus muito pior" atacou. 

Número de refugiados já ultrapassa marca de 1 milhão 

O isolamento de Moscou ficou patente na Assembleia Geral da ONU, que aprovou por grande maioria (141 votos a favor, 5 contrários e 35 abstenções) uma resolução para exigir a retirada das tropas da Rússia da Ucrânia e criticar a invasão. 

Nesta quinta-feira, a ONU anunciou que mais de um milhão de pessoas fugiram da Ucrânia. "Em apenas sete dias, vimos o êxodo de um milhão de refugiados da Ucrânia para países vizinhos", tuitou o alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, Filippo Grandi. 

O ACNUR fez um apelo esta semana para arrecadar 1,7 bilhão de dólares para ajudar os 16 milhões de pessoas que precisarão de ajuda nos próximos meses devido ao conflito: 12 milhões de deslocados na Ucrânia e 4 milhões de refugiados no exterior. 

A invasão provocou muitas sanções de governos, instituições e empresas ocidentais para isolar a Rússia nas áreas diplomática, econômica, cultural e esportiva. 

Mas a guerra também provocou a disparada dos preços do petróleo e do alumínio. A moeda russa, o rublo, registrou desvalorização de mais de um terço desde o início da guerra. 

Por Exame, com agências 

(Com AFP)




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