Do Líbano, Hezbollah ataca Israel em meio à escalada da tensão no Oriente Médio

10/10/2023
Zona de conflito entre Israel e grupo Hamas - Foto: JACK GUEZ / AFP
Zona de conflito entre Israel e grupo Hamas - Foto: JACK GUEZ / AFP
Um dia depois da ofensiva-relâmpago do Hamas ao Estado de Israel — que já deixou mais de 700 mortos e 4 mil feridos, segundo balanço divulgado na manhã deste domingo —, o Hezbollah lançou uma série de mísseis e artilharia contra três pontos nos campos de Shabaa, disputada região na fronteira entre os dois países. Até o momento, não foram relatadas vítimas.
 
De acordo com o poderoso grupo armado libanês, que também atua como um partido político no país, o ataque foi uma demonstração de "solidariedade" ao povo palestino com a operação terrestre, marítima e aérea lançada no sábado pelo Hamas.
 
"A Resistência Islâmica (...) atacou três posições do inimigo sionista nos campos de Shabaa ocupados (...) com um grande número de projéteis de artilharia e mísseis guiados", disse o grupo xiita em um comunicado. 
 
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Em resposta, o Exército israelense informou ter atingido com um drone uma "infraestrutura terrorista do Hezbollah" em Har Dov, na região fronteiriça. As tensões continuaram com uma segunda troca de tiros com forças do Hezbollah no vilarejo de Kfar Shouba, no sul do Líbano. Fontes ouvidas pela Reuters afirmaram que o governo libanês reforçou a segurança na região.
 
— Recomendamos ao Hezbollah que não intervenha. Se isso acontecer, estaremos prontos — alertou o porta-voz do Exército israelense, Richard Hecht.
 
O Hezbollah, um dos maiores inimigos de Israel e apoiado pelo Irã, tem laços estreitos com o Hamas, que governa a Faixa de Gaza.
 
Em 2006, Israel e o Hezbollah se envolveram em uma guerra devastadora que deixou mais de 1.200 mortos no Líbano — a maioria civis — e 160 mortos no lado israelense — majoritariamente militares.
 
Neste domingo, a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL) — uma operação de paz da ONU instaurada em 1978 após a invasão israelense no sul do país vizinho — pediu "contenção" e instou que se evitasse "uma nova escalada". UNIFIL confirmou ter "detectado vários foguetes disparados do sul do Líbano em direção ao território ocupado por Israel" e disse que reforçou seu efetivo em decorrência dos recentes acontecimentos em Israel e Gaza.
 
Joanna Wronecka, coordenadora da missão da ONU no Líbano, disse no X (ex-Twitter) que estava "profundamente preocupada" com a troca de tiros e pediu às partes que "protejam o Líbano e seu povo de novas conflagrações".
 
Os campos de Shebaa correspondem a uma área de 39 km² ocupada por Israel desde 1967. Tanto a Síria quanto o Líbano defendem que a região pertence ao governo libanês.
 
No sábado, o Hezbollah, que controla de fato o sul do Líbano, afirmou que estava em "contato direto" com líderes dos grupos de "resistência" palestinos. Segundo o grupo, a ofensiva contra o Estado de Israel é uma "resposta decisiva à ocupação contínua de Israel e uma mensagem para aqueles que buscam a normalização [das relações] com Israel".
 
Na semana passada, a Arábia Saudita — inimiga de Israel e defensora histórica do direito do povo palestino ao território — ensaiou uma aproximação com o país por incentivo dos Estados Unidos. Membros dos Gabinetes dos governos de ambas as nações trocaram visitas pela primeira vez na História.
 
Por Agência O Globo



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