Segundo o IBGE, a alta do segundo trimestre é explicada pelo bom desempenho da indústria, que subiu 0,9%, e dos serviços, que apresentou alta de 0,6%. Como as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do país, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB. O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.
“O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo”, explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o PIB da indústria subiu 1,5% e o dos serviços avançou 2,3%.
A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a recuar no trimestre, com queda de -0,9%. De acordo com a pesquisa, o recuo acontece por conta da comparação elevada. No primeiro trimestre, o setor apresentou alta de 21%. Apesar da queda, o dado foi menor do que o esperado pelo marcado, que estimava queda de 5,5%. Na comparação com o segundo trimestre de 2022, o PIB do setor apresentou avanço de 17%.
“Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Palis. O IBGE aponta que com a diminuição do peso dessa cultura no segundo trimestre, aumenta a participação de outros produtos, como o café, que cresce menos que o principal produto agrícola do país.
O consumo das famílias cresceu 0,9,%, a maior alta desde do segundo trimestre de 2022. “Do lado positivo, o mercado de trabalho vem melhorando constantemente, há o crescimento do crédito e várias medidas governamentais como incentivos fiscais, vide redução de preços de automóveis, e os reajustes nos programas de transferência de renda, notadamente o Bolsa Família. Por outro lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”, aponta a coordenadora da pesquisa.
O consumo do governo também aumentou para 0,7% em comparação com o trimestre anterior, quarto resultado positivo seguido. A taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, inferior à do mesmo período de 2022 (18,3%). Esse indicador representa a parcela de investimentos no total da produção de bens e serviços finais produzidos no país. De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais, o resultado é ligado à queda da produção interna de bens de capital, como são chamados os itens que são usados para produção de outros produtos por mais de um período, como máquinas e equipamentos.
O PIB (sigla para Produto Interno Bruto) consiste na soma de todos os bens e serviços que foram produzidos em um território ao longo de um período de tempo. Para o cálculo do PIB, considera-se o resultado na moeda local do país.
André Martins - Exame
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