Vão ter acesso as suas conversas do whatsapp a partir de amanhã? desative a função hoje!!

26/09/2016

 Uma enquete do Instituto de Defesa ao Consumidor (Idec), feita com 2.463 internauras, mostra que quase metade (48%) dos entrevistados acredita que o conteúdo das conversas do WhatsApp – individuais ou em grupo – será compartilhado com o Facebook. A enquete foi lançada com o objetivo de identificar a percepção dos brasileiros a respeito do novo termo de uso do serviço de mensagens instantâneas, que coleta metadados pessoais (informações como geolocalização, tempo de conexão no aplicativo, agenda telefônica e local de origem da conexão) e os compartilha como Facebook.

A amostra evidencia que 88% dos usuários consideram o contrato “confuso” ou “injusto”. Desde o dia 25 de agosto, o aplicativo impõe novas regras de uso. Até o próximo domingo (25), os usuários são obrigados a aceitar o novo texto, mas podem optar que o Facebook não tenha acesso aos dados. A ideia da empresa é “melhorar a experiência” do usuário, relacionando a agenda telefônica, por exemplo, com novas sugestões de amigos no Facebook. O Idec ressalta, no entanto, que o compartilhamento será feito com todo o grupo econômico Facebook, “que inclui empresas especializadas em propaganda direcionada, análise comportamental e segmentação de clientes para revenda dessas informações para terceiros [setor de comércio e serviços que passará a utilizar o WhatsApp de forma massiva]”.

Dos participantes da enquete, 63,5% afirmaram que os termos de uso são injustos, pois eles acreditavam que o WhatsApp protegia sua privacidade e agora não podem escolher o que querem e o que não querem compartilhar com o Facebook. Já 25,7% responderam que as novas regras são confusas, pois não sabem exatamente o que será coletado e se o Facebook poderá ler suas mensagens. Apenas 2,8% acham que os termos são justos, já que o aplicativo é gratuito.

Segundo o Idec, 12% dos internautas aceitaram os termos de uso sem ler; 37% rejeitaram o compartilhamento de informações com o Facebook e 26% adiaram a escolha ao clicar em “agora não” e estão pensando a respeito até o prazo estipulado pelo aplicativo.

O Idec pretende entrar com uma ação civil pública na Justiça por entender que a forma que a empresa revisou seus termos de uso no fim do mês de agosto é unilateral e infringe o Marco Civil da Internet, pois não há consentimento livre e as informações não são claras. Para reunir argumentos, disponibilizou a pesquisa on-line, que servirá de insumo na argumentação.

O WhatsApp acessa os conteúdos?
O WhatsApp, e por consequência o Facebook, não terá acesso aos conteúdos das conversas de seus usuários. Essa questão foi justamente a que levou a Justiça brasileira a suspender as atividades do aplicativo quatro vezes no Brasil: o WhatsApp não fornece esse tipo de informação e alega não ter acesso a ela. Implementou, inclusive, a criptografia de ponta a ponta como uma medida de segurança. A enquete mostra um desconhecimento muito preocupante em relação à privacidade: como as pessoas que acreditam que o WhatsApp tem acesso ao conteúdo de suas conversas ainda mantêm uma conta no serviço?

>> Como a polícia pode dar a volta na criptografia do WhatsApp

Metadados são informações mais superficiais, mas nem por isso menos importantes. O WhatsApp pode não ler sua conversa, mas poderá identificar o perfil de consumo de cada usuário da ferramenta. Em recente entrevista, Ben Wizner, advogado de Edward Snowden, disse que o metadado nunca deve ser subestimado quando se trata de privacidade: “O metadado é tão revelador quanto o conteúdo, em muitos casos é até mais. No conteúdo da conversa você pode mentir, no metadado não”.

Os usuários podem desabilitar o compartilhamento de dados com o Facebook até o domingo. Para isso, é preciso acessar as “configurações”, depois “conta” e, por último, desabilitar o “compartilhamento de dados da conta”. O WhatsApp perguntará se o usuário deseja utilizar os dados da conta do WhatsApp no Facebook, basta clicar em “não compartilhar”.

O Brasil é um dos maiores mercados para o aplicativo no mundo: dos 110 milhões de usuários de internet, 90% têm o aplicativo no celular. Lançado em 2009, o serviço tinha como princípio não coletar dados de seus usuários. Em 2014, com US$ 19 bilhões, o Facebook adquiriu o WhatsApp e passou a buscar formas de ganhar dinheiro com ele. O caminho escolhido pela empresa de Mark Zuckerberg foi promover uma mudança nos termos de uso do aplicativo. Agora, usuários poderão compartilhar informações pessoais reunidas no WhatsApp para o Facebook e o Instagram. É uma outorga para que o Facebook, um dos sites mais interessantes para anunciantes hoje, possa criar perfis de usuários e vendê-los a marcas interessadas em publicidade.

Polemica PB




Outras Not?cias