Polícia tenta identificar responsável por desencorajar vítima de feminicídio em delegacia
28/09/2023
Rayssa de Sá relatou que escrivão disse para busca resolução extra judicial, pois ex-marido era pessoa pública. As investigações seguem também para identificar como Betinho Barros conseguiu a arma do crime e se recebeu algum tipo de apoio
A Polícia Civil da Paraíba está investigando supostas irregularidades envolvendo um servidor que desencorajou Rayssa de Sá, vítima de feminicídio na quinta-feira (21) em
Belém, no Agreste paraibano, a procurar ajuda policial para resgatar roupas e documentos que ainda estavam na casa do seu ex-marido, Betinho Barros, de 38 anos.
Em áudios enviados para a família, a estudante Rayssa de Sá, de 19 anos,
Ela identificou “Pedro” como o servidor responsável pelos comentários, mas o g1 não conseguiu confirmar a identidade do homem.
“Por um nome, ela diz um servidor, mas ele não trabalha na delegacia de Belém, por isso estamos investigando para saber qual a situação e qual a cronologia do fato”, afirmou a delegada-geral adjunta da Polícia Civil, Cassandra Duarte, em entrevista à TV Cabo Branco.
Cassandra classifica as supostas irregularidades do caso como uma “situação grave” e afirma que o áudio mostra o que aconteceu, mas afirma que a Polícia Civil cumpriu uma série de providências, desde o registro do boletim de ocorrência até a representação de medidas protetivas.
A delegada-adjunta afirmou que as investigações seguem para identificar como Betinho Barros conseguiu a arma do crime, se teve algum apoio e por qual motivo a vítima estava sozinha no município. Cassandra também anunciou que foi designada uma delegada titular de homicídios de
João Pessoa para apurar toda a extensão do feminicídio e suicídio.
“É importante dizer que toda rede de proteção à mulher está à disposição para qualquer mulher que sofre violência”, destacou a delegada-adjunta.
Acusado prometia acabar com as agressões, mas nada mudou
Remysson de Sá, irmão de Rayssa, explicou que a relação do casal começou tranquila, mas com o tempo foi evoluindo para agressões verbais até começarem as agressões físicas. A vítima decidiu pedir o divórcio e voltar para a casa dos familiares após uma agressão que a deixou inconsciente.
A mãe de Rayssa, Denúbia de Sá, disse que a estudante fez várias tentativas para acabar o relacionamento com Betinho de Barros, mas ele ameaçava tirar sua própria vida e prometia que iria acabar com as agressões.
“Ele fazia promessas, dizia que ia mudar, que (as agressões) não iam se repetir, mas foi ficando cada vez mais intenso”, afirmou a mãe.
Rayssa cursava Direito na Universidade Estadual da Paraíba, no campus de Guarabira. A família da estudante acompanhava a vítima até ao local e nunca deixava ela sozinha em casa. Segundo a mãe de Rayssa, as ameaças se estendiam para dentro da instituição.
“Quando ela começou a estudar, ele começou a dizer que ia para a faculdade ficar de olho nela, qualquer coisa matava ela lá”, relembrou a mãe.
Medida protetiva foi expedida uma semana antes do crime
A medida protetiva de urgência solicitada por Rayssa foi atendida no dia seguinte, dia 14 de setembro. O juiz determinou o afastamento do acusado do lar ou local de convivência da vítima, proibindo que ele se aproximasse da vítima e estabeleceu um limite mínimo de 200 metros. Betinho Barros também foi proibido de manter contato com a vítima por meio de ligações telefônicas e envio de mensagens por celular (SMS), e-mail e outras.
Segundo a secretária da mulher, Lídia Moura, a medida protetiva é eficaz e salva vidas. “Alguns agressores, quando os juízes e juízas determinam, eles se afastam, outros não. Para isso nós temos alguns programas que vão fazer o acompanhamento dessas mulheres”, explica a secretária. Um dos programas de monitoramento é a Patrulha Maria da Penha, que faz rotas de monitoramento e realiza visitas ao local onde a vítima está.
No caso de Rayssa de Sá, a secretária afirma que respeitou a “autonomia da mulher”. A vítima teria conhecido a Patrulha Maria da Penha, mas não assinou a documentação necessária para ser inserida no programa.
A secretária também destaca que após o descumprimento da medida protetiva, até mesmo por WhatsApp, é importante que a vítima procure a polícia, porque o descumprimento resulta em prisão.
“É importante destacar que essa pessoa tem vários descumprimento. Ele descumpriu a medida protetiva, era uma autoridade do município e tinha o dever de combater a violência, então tem mais um erro aí. É uma pessoa que ameaçou e foi ao extremo, que retirou a vida de uma mulher”, afirmou a secretária.
G1 PB
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