Idoso que foi preso por engano relata como foram os três dias na carceragem, em JP

24/10/2021
Ricardo José Santos da Silva passou 73 horas preso após ter sido detido por engano por crime cometido por outra pessoa em Alagoas
Ricardo José Santos da Silva passou 73 horas preso após ter sido detido por engano por crime cometido por outra pessoa em Alagoas
Os policiais desceram, deram bom dia e pediram para conversar comigo. Eu os convidei para entrar e disse o meu nome completo. Eles pediram minha identidade, eu entreguei e eles disseram que eu estava sendo preso acusado de um homicídio em Alagoas, em 2008. Eu ainda disse que não fui eu, uma vez que faz quase 30 anos que não piso em Alagoas”, contou Ricardo.
 
O idoso trabalhou por mais de três décadas como caminhoneiro. Ele foi aposentado por invalidez e, atualmente, é hipertenso, diabético, obeso e tem depressão. Ainda assim, segundo Ricardo, ele foi algemado pelos policiais antes de ser levado para a carceragem, onde passou 73 horas.
 
Eu sai algemado da porta de casa. A algema nem cabia direito no braço por causa da gordura. Eu pedi para não ser algemado, mas os policiais disseram que não podiam, para a segurança deles”, conta.
 
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Ricardo Santos também falou sobre o período em que ficou detido. “A cela não é para humanos não. Você vai para lá, algemado, fica misturado com todo mundo. [...] Não tem energia, o banheiro é imoral. A água é jogada no chão, não tem sabonete. [...] Quando é de noite, se o povo não fizer silêncio, eles usam spray de pimenta, dão tiro de borracha lá dentro para as pessoas se calarem”, relatou.
 
Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que apesar da carceragem ficar dentro da estrutura da Central, a responsabilidade do local é da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap).
 
Por sua vez, a assessoria da Seap disse que o idoso teve assistência especial e tratamento diferenciado, que ele não ficou com outros presos e sempre esteve em uma cela sozinho, separado. O órgão relatou ainda que o sistema penitenciário não reconhece os problemas relatados pelo idoso.
 
De acordo com a Polícia Civil da Paraíba, o erro foi cometido pela Justiça de Alagoas, através de uma falha de digitação por parte de quem emitiu o documento. A história foi descoberta pela família do idoso, que, em contato com autoridades de Alagoas, entendeu de que forma aconteceu a irregularidade.
 
Foi bem tenso, não é? No primeiro dia a gente não sabia até então do que se tratava, de que tipo de assassinato ele estava sendo acusado. Fomos atrás de advogados e eles ainda tiveram dificuldade para ter acesso ao processo e descobrir que foi um simples erro de digitação que causou todo esse transtorno”, disse Andrea Juvência, que é filha de Ricardo.
 
Andrea contou ainda que a resolução do problema demorou e que ainda vai levar algum tempo até que todo mundo supere a situação. “Existem muitas falhas na Justiça, eu fiquei muito desacreditada, porque não foi fácil, foi traumatizante. Vai levar algum tempo até que a gente esqueça o que passou”, concluiu.
 
G1 PB



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