"Vai ser uma baita contribuição para segurar a inflação nesses dois meses. Em julho, a gente não pode esquecer que tem um novo aumento da gasolina pelo nivelamento do ICMS, que terá um reajuste em todos os estados e esse aumento pode ser na casa de 10% a 12%", afirma o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGB/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Embora o GLP tenha a maior redução, ele compromete 1,3% do orçamento familiar. "Então digamos que no consumidor chegue a uma queda de aproximadamente 15%. Isso significa que o IPCA dos próximos 30 dias vai ser impactado mais ou menos em 0,17 ponto percentual. Só que esse 0,17 é só por conta do GLP, metade disso fica no mês de maio, e metade no mês de junho", explica.
A mesma coisa vale para a gasolina, só que o impacto dela é muito maior, porque compromente cerca de 5% do orçamento familiar. "Na refinaria, o preço caiu 12,6%, na bomba deve chegar a uma queda de 8%. Isso vai gerar um impacto no IPCA de 0,40 ponto percentual. Desse índice, 0,20 fica no mês de maio e 0,20 em junho. Então esses impactos serão divididos", diz.
Já o diesel tem peso muito pequeno no orçamento familiar. Ele compromete cerca de 0,3% do orçamento. Mas é um combustível que influencia o preço do frete, do transporte público urbano e das máquinas na agricultura. "O efeito dele não vai ser percebido na inflação neste mês ou no próximo. O efeito dele é mais espalhado. Mas pode ser tão importante como o da gasolina."
No entanto, uma parte dessa queda pode voltar em julho por causa do impacto do reajuste do ICMS. "Então isso não altera a expectativa de inflação para o fim do ano, porque ela cai agora e volta a subir em julho. Isso meio que neutraliza esse efeito. Por isso, a gente mantém uma estimativa de IPCA em torno de 6,2% no fim de 2023", ressalta Braz.
Para o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, a volta do ICMS também deverá neutralizar a redução de preços da Petrobras. Ele avalia um impacto de 0,4 ponto percentual na inflação com o recuo dos combustíveis.
"A gente vai começar a observar os efeitos no IPCA de maio. Só que tem uma perspectiva de volta de ICMS. Então não vai ver um impacto tão grande no IPCA. Hoje a LCA prevê uma inflação de 6% para 2023. E essa medida, na verdade, fez com que a gente adotasse um viés de baixa para esse IPCA de 6%", afirma.
O anúncio de redução no preço dos combustíveis ocorreu horas depois de a Petrobras alterar sua política de preços. Com a decisão, a companhia abandona o PPI (Preço de Paridade de Importação) como base principal para os reajustes. A medida atrelava os valores dos combustíveis ao mercado internacional de petróleo.
O PPI tinha o objetivo de evitar que as substâncias tivessem baixa nos valores de forma artificial — ou seja, que os preços ficassem menores sem que o barril de petróleo em todo o mundo tivesse redução também.
A ferramenta estava em vigor desde 2016. Naquele ano, ela foi implementada pelo chefe da estatal indicado por Michel Temer, o então presidente da República.
Logo no primeiro ano, mudanças foram estabelecidas, e foi definido que os reajustes poderiam acontecer diariamente.
“Os ajustes que vinham sendo praticados, desde o anúncio da nova política, em outubro de 2016, não têm sido suficientes para acompanhar a volatilidade crescente da taxa de câmbio e das cotações de petróleo e derivados", disse a Petrobras ao alterar a recém-anunciada política de preços.
Por mais que o PPI agradasse à maior parte do mercado e dos analistas, ele foi alvo de críticas de Jair Bolsonaro e Lula da Silva.
Do R7
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