O acerto de contas do eleitor com Bolsonaro, Lula e Lava Jato em 2022

04/01/2022
O discurso lavajatista — e o seu contrário — estão nas falas de Bolsonaro, Lula e Moro. (Arte CNN)
O discurso lavajatista — e o seu contrário — estão nas falas de Bolsonaro, Lula e Moro. (Arte CNN)

disputa presidencial de 2022 tem tudo para ser o grande acerto de contas do eleitorado com o presidente Jair Bolsonaro (PL), com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com a Operação Lava Jato.

Devem estar na disputa pelo Planalto Lula e o juiz-símbolo da operação, Sergio Moro (Podemos), responsável pelas decisões que levaram à exclusão do petista da eleição passada e depois virou ministro do vencedor, Jair Bolsonaro — o grande beneficiado pelo cenário de terra arrasada na política brasileira que a operação deixou e também provável candidato à reeleição.

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Os três, líderes em todas as pesquisas de opinião, deverão estar nas urnas, abrindo a possibilidade para que pela primeira vez a população possa dar, simultaneamente, seu veredicto sobre o papel de cada um na Lava Jato e na política brasileira.

A justiça do voto nem sempre corresponde à justiça dos tribunais, mas será interessante verificar como os valores positivos e negativos que a Lava Jato despertou na população nos últimos anos se refletirão nas urnas. E as campanhas já se preparam para isso.

Apesar de as pesquisas apontarem que a economia é a preocupação maior do brasileiro em 2022, o discurso lavajatista — e o seu contrário — estão nas falas dos três.

Não à toa o grande ato até agora da pré-campanha, o jantar que reuniu os opostos Lula e Alckmin (sem partido), em São Paulo, em 20 de dezembro, foi organizado por um grupo de advogados que se caracterizou por defender investigados da operação e atacar juízes e o procuradores que a lideraram.

Também não é coincidência que Lula venha se utilizando do espaço que a liderança folgada nas pesquisas lhe dá para acusar de parcial o julgamento que considera ter tido, assim como Moro tem utilizado o espaço retomado na mídia para se defender dessa acusação e atacar a cúpula do Judiciário pela ampla revisão que vem fazendo de condenações e dos métodos da operação.

Já Bolsonaro, o grande beneficiado do lavajatismo em 2018, afia o discurso para retomar o discurso moralista de quatro anos atrás e reavivar o antipetismo. Esse posicionamento é visto como uma das tábuas de salvação que lhe restam diante de fortes críticas sobre a condução da pandemia e ter endossado durante seu governo medidas que contribuíram para decretar o fim da operação que ajudou a elegê-lo.

Em uma eleição em que os indicadores econômicos — inflação e desemprego — apontam que o vencedor da disputa será aquele que melhor se apresentar como o mais capaz para melhorar a renda dos brasileiros, é de se questionar se o discurso moralista será decisivo para atrair votos e decidir o jogo.

O acerto de contas do eleitor será, nesse sentido, mais amplo do que meramente com a Lava Jato. Isso porque toda eleição em que um presidente da República é candidato, o caráter plebiscitário e, em especial no caso atual, como a população avalia sua condução na pandemia, também será um fator determinante no resultado final.

Nesse sentido, o eleitor que vai às urnas em 2022 tomará sua decisão predominantemente tendo por base o tripé economia-saúde-corrupção. E as armas dos principais candidatos já estão colocadas, sendo, porém, imprevisível a pouco menos de um ano das eleições prever qualquer desfecho.

Bolsonaro aposta na força do erário e da caneta para reverter a alta rejeição. Nunca um presidente foi para a urna com tamanha desaprovação, mas nunca também um presidente foi às urnas sem se reeleger.

No Palácio do Planalto, a avaliação é que a disputa não é contra Bolsonaro, mas contra a Presidência da República, instituição forte e com muitos instrumentos para se perpetuar no poder, haja vista a avalanche de medidas colocadas na rua no final de 2021, destinadas a agradar dos mais pobres aos mais ricos.

A ideia é somar a força do Estado com um discurso ideológico e reavivar o antipetismo, principalmente em um eventual segundo turno contra Lula.

Já o petista tem a vantagem e desvantagem de ser bem conhecido pelo eleitor. A tônica do discurso que Lula adotará — se do revanchista preso por 580 dias em Curitiba ou do moderado que governou com o centro — parece se dissipar conforme ele atrai forças da direita para a sua órbita.

Ainda assim, há receio sobre a política econômica lulista — ainda uma incógnita —e a respeito do alcance do aparelhamento petista sobre a máquina pública que notabilizou todos os 13 anos em que o partido conduziu o país.

As pesquisas, porém, revelam que o eleitor está, sim, a essa altura da corrida, disposto a dar uma segunda chance a legenda. Se isso se confirmar, ficará constatado o fracasso do projeto de poder da direita brasileira neste início de século.

Terceira via e desafios

Quanto à terceira via, os desafios seguem os mesmos: muitos nomes e votos insuficientes para quebrar a polarização. A sobreposição de critérios subjetivos —capacidade de mobilização e de enfrentamento aos dois líderes — sobre objetivos — posicionamento nas pesquisas —parece tornar inviável o afunilamento de opções.

Nem o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), nem Sergio Moro (Podemos) parecem dispostos a abrir mão de suas candidaturas, fragmentando o campo político da direita e facilitando, assim, a vida de Bolsonaro.

Há uma dificuldade adicional para eles: ambos já serviram a Bolsonaro. Doria apoiou o ex-presidente em 2018 e Moro foi ministro da Justiça. As pesquisas mostram que o eleitor hoje prefere o original aos genéricos.

Além da disputa entre os adversários propriamente, a campanha presidencial traz outros ingredientes desafiadores. A conflagração do ambiente político e a violência de fanáticos são fatores de atenção, mas principalmente a distância que têm entre si os projetos políticos e as visões de país que lideram a disputa até agora para assumir um país que estará em difícil situação econômica e social em 1º de janeiro de 2023.

Caio Junqueira da CNN




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