Colunista Kamila Magno



  • Entendendo mais sobre a caspa - Dermatite seborreica

    19/08/2016


            Alguns pacientes chegam ao consultório se queixando que a caspa não acaba, melhora por alguns momentos e depois piora. Nesses casos, o melhor tratamento é a informação do paciente quanto ao seu problema, isso o tornará mais tranquilo e saberá lidar melhor com sua situação. Pois bem, a dermatite seborreica, popularmente conhecida como caspa, não tem cura, mas existem medidas de controle que variam com a gravidade do caso. No final desse explicativo darei dicas de como lidar com a dermatite seborreica, evitando ou amenizando suas crises.

             Primeiramente, é importante deixar claro ao paciente que a dermatite seborreica não é contagiosa e não é causada por falta de higiene. Não é uma alergia, e não é perigosa.

             A dermatite seborreica atinge cerca de 5% da população, apresentando-se em duas faixas etárias: na infância, que ocorre nos primeiros três meses de vida, e na vida adulta. Não tem causa bem estabelecida, mas sabe-se que está associada a produção de sebo em maior quantidade além da alteração de sua qualidade. O mesmo fungo que encontramos no “pano branco - pitiríase versicolor” pode ajudar a piorar as crises da caspa.

             Caspa é só em couro cabeludo?? Não!! No adulto, muitos casos se associam a descamações, vermelhidão e coceira em cantos das asas do nariz (fotos), nas sobrancelhas, no cílios, nas orelhas e atrás delas, como também no centro do tórax e das costas.

             A manifestação da dermatite seborreica da infância é bem diferente da do adulto, a criança apresenta descamação amarelada em face e couro cabeludo (foto) e este quadro desaparece com a idade.

             Existe exame para diagnóstico da caspa??

             O diagnóstico é clínico, com exame físico do médico dermatologista.

             Pois bem,vamos a nossas dicas! Existe algo que podemos fazer para evitar as crises de caspa ou melhorá-las, já que ela não tem cura??

             Devem-se evitar os fatores de piora:

    ·        Estresse;

    ·        Má alimentação;

    ·        Tabagismo;

    ·        Ingestão de alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas;

    ·        Banhos muito quentes;

    ·        Usar roupas que retenham o suor (tecidos sintéticos costumam ser contraindicados para quem tem tendência à dermatite seborreica, devemos dar preferência a tecidos de algodão);

    ·        Uso de chapéus ou bonés, pois esses retêm suor;

    ·        Deve-se retirar completamente o xampu e o condicionador quando lavar o couro cabeludo. Os resíduos podem estimular a produção de mais sebo;

    ·        Uso de sprays, pomadas e géis para o cabelo. Esses produtos são muito utilizados em pacientes com cabelos cacheados ou em afrodescendentes. Se não for possível evitá-los, aplicar apenas nas pontas dos cabelos.

     

             É importante que o paciente entenda que ele precisa de cuidados prolongados, com tratamentos mais intensivos nas crises e manutenção depois delas.

             A depender do caso, em adultos, apenas xampus a base de piritionato de zinco ou sulfeto de selênio vendidos comercialmente sem prescrição médica podem ajudar no controle das lesões, podendo ser utilizados tanto no couro cabeludo como no corpo. Nas pálpebras, pode-se utilizar xampu de bebê para remoção suave das crostas com ajuda de um chumaço de algodão.

             Em casos mais extensos e refratários deve-se procurar um dermatologista para tratamento mais intensificado com medicamentos orais, cremes e xampus em concentrações mais altas.

     

    Kamila Magno

    CRM 7289 - RQE 4831 

    Graduada pela Universidade Federal da Paraíba

    Residência em Dermatologia pelo Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória- ES (Hospital credenciado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia)

    Membro aspirante da Sociedade Brasileira de Dermatologia 

    Mestranda pela Universidade Federal do Espirito Santo