Colunista Jofre Garcia



  • PATERNIDADE, UM MINISTÉRIO DIVINO

    13/08/2016

    “Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos se agradem dos meus caminhos”

    (Provérbios 23.26)

    Com a proximidade do “Dia dos Pais” nossa sociedade de consumo entra mais uma vez nessa atmosfera que mistura comércio e emoção familiar, e nossos entes queridos são transformados em instrumentalidade para promover o aumento das vendas. Há quem diga que o dia dos pais foi criado para se vender gravatas, imagine!

    Ser pai é muito mais que simplesmente ser um macho da espécie e cumprir sua parte na tarefa de reprodução e provimento da prole. Não somos seres meramente irracionais agindo por meio de instintos naturais. Somos, até, muito mais do que seres racionais, pois se prevalecer essa ideia da razão pura e simples nossa compreensão da vida e da morte será apenas uma questão matemática ou uma mera probabilidade. Somos seres espirituais, criados a imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.26-27), possuindo o mandato espiritual para tornar este mundo o lugar de relacionamento da criatura com o seu Criador.

    Ser pai é um ministério divino, pois o pai é o sacerdote do lar, é dele, juntamente com a mãe, a responsabilidade de ensinar aos filhos o caminho do Senhor, como diz as Escrituras:

    “Ensina a criança o caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22.6).

     O pai é sempre o espelho para o seu filho, todo filho procura imitar o pai e suas ações e ensinos ficam gravadas no córtex dos filhos para toda a vida. Nosso pai deve ser eternamente o grande herói de nossa vida, mas, infelizmente, por causa da queda (pecado) e pela inconsequência de cada um a figura do pai tem experimentado uma desvalorização extrema, e as marcas sociais desse fracasso familiar tem sido trágico para a nossa sociedade.

    Infelizmente, vemos hoje, histórias tremendamente tristes e perturbadores de pais que violentam suas filhas e filhos, seja sexualmente ou de outras formas de violência que causam profundos dramas no seio familiar. Há aquele pai que descumprindo a sua função de amar e proteger a esposa; espanca sua companheira tanto fisicamente ou com palavras que a fazem sangrar. Há o pai que absurdamente ignora os filhos, não sabe nem mesmo o ano escolar em que estão, quais são seus planos, sonhos ou tristezas. É como se vivessem em mundos diferentes. Tem também aquele pai que abandona a família em busca do prazer egoísta e perverso que o mundo oferece, e depois, com sua habitual mania de inverter valores diz poeticamente que “foi em busca da sua felicidade” não importando o quanto de infelicidade causou. Tem ainda, aquele pai se envereda pelo caminho dos vícios e atrai rodo tipo de desgraça para sua família, provocando tragédias e profundo pesar.

    Mas, também, tem muito pai legal!

    Aos montes!

    Há aquele pai que compreende o sentido do ministério paterno e produz frutos de alegria na vida de seus filhos. Há aquele pai que é nossa referência de vida e pelo qual pautamos nossa construção familiar. Há aquele pai que nos agasalham no carinho de seu afeto e amor, aquele cuja voz é um conforto e consolo nesse mundo perverso.

    Há aquele pai que torce conosco, mesmo sem gostar de futebol.

    Há o pai que cresce junto, chorando, rindo, caindo da bicicleta, chutado fora do gol, desafinado, desajeitado, mas... que não o trocamos nem mesmo por todos os super-heróis do cinema juntos.

    Independente de que tipo de pai nós tenhamos a Palavra de Deus tem uma exortação que dita nosso relacionamento: “Honra teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa)”(Efésios 6.2). Por isso, mesmo com feridas traumáticas, mesmo com ausências e abandonos, mesmo que nosso pai não tenha sido o herói em nossa vida, a Palavra do Senhor nos orienta que a vontade de Deus é que devemos honrá-lo; e honrá-lo é sermos o homem, o cidadão, o marido e o pai que ele não se teve.

    Então, devemos efetivar a eficácia do perdão em nosso coração, ação primeira para que possamos honrá-lo. Não devemos permitir que nenhuma mágoa ou rancor gere raiz de amargura em nosso espírito.

    E quanto nós, que somos pais alguns princípios para o ministério paterno:

    1.       Jamais negligenciar a responsabilidade de ministrar o ensino das Escrituras em minha casa (Provérbios 22.6), e dosar a disciplina com amor no temor do Senhor (Efésios 6.4);

    2.      Ser um exemplo de conduta e honestidade de modo que a nossa família receba as bênçãos destinadas aos que praticam a Palavra (Salmos 128.1-6);

    3.      Que o nosso relacionamento com os nossos sejam moldados no Senhor pela Palavra de tal modo que possamos ser a segurança e confiança em nossa família, assim como Jesus confiava no PAI (Lucas 23.46);

                As últimas palavras de Jesus na cruz incluíam a expressão ABA, que geralmente eram as primeiras palavras das crianças, quando ainda bebês. Era um balbuciar quase inteligível, mas, que era destinada a figura paterna. Mesmo que ela ainda não tivesse noção ou plena consciência de quem fosse àquela figura, sabia que nela havia refúgio, proteção, cuidado, carinho e aconchego. Estando em seus braços calava e se aquietava porque estava seguro.

    Desse modo é surpreendente que Jesus se refere a Deus como seu ABA, pois para Ele (Deus), Cristo ou mesmo nós não somos mais crianças destituídas de razão, mesmo assim o PAI mantém todo o amor e cuidado em nós, como quem cuida, com toda a atenção dos pequeninos.

    Nosso Pai (Deus) é assim.

    Que tipo de pai nós temos sido?

    Que tipo de presença construímos em nossa família?

    Que tipo de exemplo somos para os nossos?

    Que marcas deixaremos em sua vida?

    Nesse dia dos pais possamos fazer uma profunda reflexão para honrar o nosso pai, o que foram e o que significam para nós e como devemos nos relacionar com ele, de acordo com a Palavra de Deus. E, também, refletir em nosso ministério paternal e exercê-lo edificando nossa família para a glória de Deus.

    Feliz dia dos pais!

    N’Ele, nosso ABA, PAI. 

    Jofre Garcia Luna

     

    Teologia pela FATEN (Faculdade Integrada de Teologia)

    Teologia Sistemática pelo IBBB (Instituto Bíblico Betel Brasileiro)

    Pós-Graduação em Ciência da Religião - FATEN

    Graduando em Direito – UEPB

    Radialista Profissional – STERT -PB

    Presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil – Guarabira - PB

    Servindo como Pastor na Igreja Presbiteriana de Solânea – PB

    Secretário do CONPLESOL – (Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos de Solânea)

    E-mail: presbiterojofre@gmail.com