Colunista Diogo Fernandes



  • O pior está por vir

    19/05/2016

    Foi anunciado hoje, pelo ministro da Fazendo Henrique Meirelles, o novo presidente do Banco Central, o economista Ilan Goldfajn que atualmente é economista-chefe do banco Itaú, além de acionista.

    A dívida pública federal vem aumentando principalmente por causa dos sucessivos aumentos das taxas de juros no país, e mais recentemente, a manutenção da taxa Selic em valor irreal com o restante dos países do globo. Em 2014, a dívida pública havia registrado crescimento de 8,15%, ou R$ 173 bilhões, enquanto que no ano anterior (2013), a expansão registrada havia sido de 5,7%, ou R$ 115 bilhões, segundo números oficias. Em 2015 o aumento foi de 21,7%!

    O crescimento da dívida pública no ano passado está relacionado, principalmente, com as altas despesas com juros, no valor de R$ 367,67 bilhões. Em 2012, 2013 e 2014, respectivamente, as despesas com juros da dívida pública somaram R$ 207 bilhões, R$ 218 bilhões e R$ 243 bilhões, segundo dados do próprio governo.

    As despesas com juros somente em 2015 são maiores do que os valores que o governo federal desembolsou para o principal programa social, o Bolsa Família nos últimos 15 anos (R$ 221,7 bilhões) para a transferência mínima de renda às famílias mais pobres do país.

    Por outro lado os bancos nunca lucraram tanto com os aumentos sucessivos das taxas de juros. A grande apreensão para os próximos meses, com a entrada de um mainstream da economia ortodoxo, seja justamente o aprofundamento dessa política perversa, injusta e insustentável do ponto de vista fiscal.

    Previdência Social

                Outro anúncio do governo interino que deve causar muita preocupação é a reforma da Previdência, já que o ministro da Fazendo afirma ser o suposto legado do Michel Temer. Segundo o ministro o projeto tem como objetivo a retomada da confiança e eliminar “incertezas” e que o Estado seja solvente. Com relação aos gastos com a rolagem e juros da dívida pública do governo federal, o ministro não teceu uma palavra sequer. É bom lembrar que quando se aumenta o tempo de serviço ou idade de contribuição para a aposentadoria, os mais pobres são os mais prejudicados, haja vista, são os primeiros a entrar e sair do mercado de trabalho. Os que detêm mais dinheiro postergam a entrada no mercado de trabalho através de escolarização mais longa, seja através das graduações, pós-graduações, intercâmbios, etc.

                A Previdência Social registrou déficit de 85,8 bilhões em 2015, segundo o Tesouro Nacional, causado principalmente pelo aumento do desemprego. Agora basta compararmos com os números acima sobre a dívida pública para vermos que o problema real não é o chamado “rombo da Previdência”. Lembrando ainda que a Previdência Social beneficia milhões de brasileiros, enquanto os rentistas que vivem dos juros da dívida pública são na casa dos milhares. 

    Diogo Fernandes
    Professor do Departamento de Educação da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Campus III, Bananeiras