Colunista Desiane Gomes



  • Caos, cérebro e desordem

    11/05/2016

    No ponto crítico, o parâmetro de ordem se anula. E aí, diante da consideração de outros fatores, a desordem se estabelece e diretamente o tema em questão está associado com a nossa mente.

    Diante da desordem e dos elementos dispersos, o caos é estabelecido. Talvez você já mencionou a seguinte frase: "cada cabeça é um mundo". Verdade é que o cérebro é um sistema complexo e de acordo com os cientistas brasileiros da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) temos 86 bilhões de neurônios em nosso cérebro, gerando cerca de 86 trilhões de sinapses.

    Conhecer a mente humana é surpreendente e fascinante, mas quem verdadeiramente a conhece? Como surge a mente, os pensamentos, os sentimentos? Seriam os impulsos elétricos os responsáveis por tudo?

    Do ponto de vista dos sistemas não-lineares, os neurônios são as variáveis independentes conectados com as sinapses. Alisando a mente, a mesma pode ser configurada como um sistema caótico, imprevisível e aleatório, e modificações não perceptíveis e de certa maneira aleatória pode levar a transformações extremas.

    Na ciência, o caos não tem as mesmas conotações do uso cotidiano. Ao ser tratado como uma desordem ordenada [sim, isso é possível], a aparente causalidade dos acontecimentos apresentam um padrão organizacional e isso sim é bom e vantajoso do ponto de vista do entendimento de teoria do caos.

    Nesse exato momento, a minha mente já direcionou os meus pensamentos para uma canção de composição de Dudu Falcão que diz: "Eu gosto do meu quarto do meu desarrumado". A música retrata que a confusão vivida pela pessoa é totalmente organizada para ela, o que contraria as outras pessoas que são extremamente sistemáticas e organizadas. E mesmo diante da possível confusão, a mesma consegue localizar dentro daquele desarrumado quarto qualquer objeto que lhe for pedido.

    Vocês já ouviram falar em efeito borboleta? Lembram do quarto desarrumado? Qualquer mudança por menor que seja naquele quarto pode desencadear efeitos desproporcionais dentro daquele “sistema”, e logo será notado.

    A teoria do caos nos garante uma certa determinação, onde esta é notada  até que o efeito borboleta atinja o sistema. Dessa maneira, em nosso cotidiano, muitas pessoas não acreditam na chegada do efeito borboleta e pensam que são inatingíveis, inalcançáveis e que o seu futuro está garantido, que não realidade não é o ocorrido.

    Verdadeiramente, a determinação prevista na teoria do caos é modificada a cada nova escolha que fazemos e esta escolha influencia em nosso futuro, nos mostrando que o nosso sistema complexo (cérebro) é limitado.

    Desiane Gomes

    Licenciada em Física pela Universidade Federal de Campina Grande (2011), atuou como Professora substituta no curso de Licenciatura em Física do Centro de Educação e Saúde na Universidade Federal de Campina Grande (2013), mestre em Física da Matéria Condensada com ênfase em Física Não-Linear na Universidade Federal de Campina Grande (2015) e Doutoranda em Física na Universidade Federal do Rio Grande Norte.