Colunista Ednaldo Santos



  • Empreendedorismo popular

    02/12/2015

    Recentemente a mídia local divulgou que o município de Bananeiras está entre os mais pobres da Paraíba, com base em dados do ano de 2010. Foi até causa de espanto para alguns: “a cidade dos condomínios? Não é lá que tem um campus da Universidade Federal da Paraíba?”.

    A população local é predominantemente rural. Dados do IBGE indicam que no ano de 2010 havia 21.854 habitantes, dos quais 62,7% viviam na zona rural. É um dado importante quando a assunto é desenvolvimento socioeconômico. Quais as atuais fontes de renda dos bananeirenses? Para quem reside no campo, basicamente ou se vive do pouco que a agricultura rende ou do recebimento de algum benefício previdenciário. Já para o cidadão comum que mora na cidade, ou se trabalha no comércio pouco desenvolvido, ou se recebe também algum benefício previdenciário, ou se integra o quadro de funcionários públicos. Aqueles que não se encaixam nessas hipóteses, dão o seu “desenrolo”.

    Obviamente a realidade descrita é comum à maioria dos municípios brasileiros. E aí? O que podemos fazer? Não há solução mágica. Para retirar um município da lista de hipossuficientes requer-se a elaboração de políticas públicas estruturadas sem discurso vazio, com metas de curto, médio e longo prazo. Entra em cena a capacidade de administrar do gestor público ao gerir sua equipe, procurar parcerias público-privadas, convênios, estimular a ousadia dos jovens, aproximar Administração daqueles que a legitimam. No atual cenário político tais ideias parecem utopia.

    Devemos esperar sempre pela atuação do poder público feito “[...] galinha quando bebe água [e] olha para o céu azul pedindo que chova milho porque tá cansada [...]”? Eis uma ideia que abandonou o plano utópico: o Banco Palmas. Um dos exemplos mais interessantes de superação da pobreza vem do Conjunto Palmeira, localizado na periferia de Fortaleza/CE, com cerca de 32.000 habitantes. Nesse bairro, no ano de 1998, a população criou o primeiro banco comunitário gerido localmente pela Associação dos Moradores do Conjunto Palmeira, onde a maioria da equipe é voluntária.

    O Banco auxilia projetos de trabalho e geração de renda através de sistemas de economia solidária, focada na superação da pobreza urbana e rural, garantindo microcréditos para produção e consumo local, com taxas de juros mínimos e sem requisitos para inscrição, comprovante de renda, ou fiador, sendo que a confiabilidade do tomador é garantida por vizinhos. Isso mesmo! Simples assim. Para os idealizadores, não existe nenhum território inerentemente pobre, seja uma região, bairro, ou município. Essas áreas empobrecem depois de perder, várias vezes, a própria “poupança”, isto é, a renda local e que apesar do nível de pobreza é sempre possível alcançar o desenvolvimento econômico de forma autônoma. Detalhe: nesse acordo coletivo fico estabelecido um teto para o acúmulo de riqueza e mesmo assim a ideia deu certo e o projeto se tornou referência.

    Acreditar na união das pessoas para quem busquem o atendimento das necessidades individuais sem prejuízo dos interesses de todos não é mera utopia. E aí, animal político, captou?

     

     

    Ednaldo dos Santos

     

    Crescido em Solânea-PB, natural de Alagoa Grande-PB, é graduado em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Gamado pelo Direito, especialmente Direito Civil, trabalhou voluntariamente no Ministério Público da Paraíba e atuou como Estagiário e Conciliador no Tribunal de Justiça da Paraíba. e-mail: ednaldojmo@hotmail.com