Colunista Diogo Fernandes



  • A retomada do desenvolvimento

    09/09/2015

    A decepção com as políticas adotadas pela atual presidenta se resume ao seguinte preâmbulo: a adoção da política macroeconômica defendida pelo candidato Aécio Neves na campanha de 2014: nem pestanejou em implementar uma proposta conciliatório, porém conservadora, mediadas por Renan Calheiros e Joaquim Levy, o supostos ajuste que na verdade oculta resultados desastrosos. Um ajuste seletivo aos trabalhadores, ao tempo, que mantem incólume os privilégios das elites, em especial do setor financeiro.

    Após a derrota das forças que acreditavam no retorno do neoliberalismo em 2014, as forças progressistas apostavam na retomada do desenvolvimentismo de médio e longo prazo, via a suplantação da visão do curtíssimo prazo ortodoxa. No entanto, dificilmente haverá sucesso fiscal com a economia em recessão. No caso brasileiro, nosso insucesso se dá fruto de uma recessão internacional, cambio apreciado ao longo dos anos e altas taxas de juros. O nível de atividade econômica foi fortemente reduzido, reduzindo as receitas do Estado e impossibilitando o equilíbrio das contas públicas e é importante realçar, que com o aumento das taxas básicas (Selic) há um aumento da dívida pública e um uma dificuldade maior de equilibrar as contas públicas.

    A atual crise econômica, em que tanto se fala nos meios midiáticos, também é reflexo das opções que o governo fez, mas diferentemente do que os setores conservadores indicam, é resultado, por exemplo, da decisão de liberar os preços administrados pelo governo, como os combustíveis e energia elétrica (que possuem efeito em cascata) e aumento de impostos, que geraram um aumento da inflação. O Banco Central divulgou dia 14 variação negativa do PIB para 2015, prevista em 2,01%, que seguirá por um decréscimo também em 2016, de 0,15%, demostrando o efeito perverso da política econômica implementada pelo governo em dezembro (ajuste fiscal e aumento das taxas de juros). Será a segunda ocorrência de PIB negativo na história do país por dois anos subsequentes (1930 e 1931, anos da Grande Depressão).

    No mercado de trabalho o quadro também não é animador. Há uma tendência na queda das ocupações, de 7,5% em julho, divulgada semana passada pelo IBGE. A taxa é a mais elevada para o mês desde 2009, segue-se à redução de 6,9% em junho e é substancialmente superior aquela de um ano atrás, de 4,9%. Em 12 meses, a população sem ocupação aumentou em 662 mil pessoas. O rendimento real mensal caiu 0,3% de um mês para o outro e 2,4% em relação ao de julho do ano passado. A previsão de retração econômica é a maior evidência empírica do fracasso das medidas de austeridade fiscal do segundo governo de Dilma.

    A retomada do crescimento e desenvolvimento econômico, com inclusão social, só poderá acontecer com a redução das taxas de juros, aumento dos programas de distribuição de renda, além da retoma dos investimentos públicos e privados (com subsídios do BNDES) que geram novas demandas. 2016 poderá ser um ano melhor, entretanto, o conjunto de ações macroeconômicas nos indicam um período sinuoso com a opção do curtíssimo prazo do ajuste fiscal, contaminando negativamente às possibilidades de crescimento. Uma indicação positiva é a desvalorização cambial que pode melhorar às exportações brasileiras ao tempo em que freie a importação de produtos estrangeiros e aumentar a demanda interna por produtos produzidos nacionalmente, aumentando os níveis de emprego e renda. Este seria um primeiro sinal a vislumbrar uma saída do atual período nebuloso. 

    Diogo Fernandes 

     

    Professor do Departamento de Educação da Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Campus III, Bananeiras

    Leia também:  

    » Aumento das taxas de juros

    » A independência do Banco Central

    » Vai ter Copa II

    » Vai ter Copa!

    » Guerra contra a natureza e o consumismo

    » Entre o morro do Urubu e Ipanema

    » Eu acredito é na rapaziada

    » Mostra tua cara, classe média!

    » Joaquim Barbosa: com o rei na barriga, vossa senhoria!

    » Mais médicos, sim!

    » Direita e Esquerda

    » Ordem e progresso para quem?

    » Para onde vamos com esse sensacionalismo?!

    » Essa tal polêmica…

    » Entendendo a Sociologia – II

    » Entendendo a Sociologia – I

    » Cadê o apagão? Como criar um novo factóide por Folha e O Globo

    » O Cinismo das Elities

    » Os velhos cães de guarda

    » Os Abusos da Lei Seca

    » O dia em que o rock parou  

     

    » Professor Diogo explica a diferença entre política e politicagem

Vídeos Destaques

Barragem rompe e deixa cidade inundada após fortes chuvas na Paraíba

Emocionante! Mendigo dá exemplo de amor ao próximo

Em Bananeiras: touro invade campo e provoca correria em jogo do Paraibano Sub-15