Colunista Ednaldo Santos



  • Cuma é doutô?

    09/09/2015

     Você entende o que seu advogado diz? O que foi mesmo aquilo que o juiz disse? Falar é um ato natural e divino por meio do qual se quer passar uma mensagem. Aprendemos a nos comunicar nos primeiros anos de vida, contudo, ainda sentimos dificuldade em fazê-lo na fase adulta. Assim como os demais profissionais que trabalham com o Direito, muitos advogados sentem essa dificuldade, pois seus clientes pertencem a grupos diferentes entre si no jeito de ser, pensar, agir e, consequentemente, de utilizar a linguagem.

    Dedicar-se a zelar pelos direitos das pessoas requer sensibilidade ao ouvir e falar à feirante, à dona de casa, àquele que escreve com o cabo de uma enxada, e explicar-lhes o que são as “entranhas meritórias e jurisprudenciais acopladas na inicial”. Não raro, é mais fácil ao advogado perguntar ao cliente se o “papel” chegou, a indagar se a “intimação” foi feita. Não se trata de subestimar o cliente. Jamais! Trata-se de ser profissional.

    Essa dificuldade em entender o “juridiquês” não envolve apenas os que menos estudaram. É comum que médicos, matemáticos, etc., não entendam essa linguagem própria dos juristas. Aliás, os médicos também têm sua forma singular de comunicar-se e, portanto, enfrentam o mesmo problema: a comunicação eficiente com quem precisa de seus serviços.

    São vários os motivos que levam um jurista a exagerar no “juridiquês”. Pode ser por puro exibicionismo (quer se “amostrar”) ao escrever ou falar ao público. Também pode ser por, não raro, ver e seguir em uma única direção (como um jumento), afinal está há anos estudando apenas materiais jurídicos, e convivendo com juízes, estudantes de direito, advogados, etc. Além disso, falta-lhe tempo para dedicar-se a outros assuntos.

    Em síntese, o advogado deve lembrar de que é um hermeneuta, é dizer, um especialista em interpretar textos e contextos. De sorte que há juristas dedicados a unir o direito à música, à literatura, à medicina, ao teatro, e outros ramos igualmente fascinantes, o que influi positivamente na tradução do Direito. “Doutô”, vamos trabalhar essa capacidade hermenêutica para, com sensibilidade, melhor acalmar e ajudar os que precisam de justiça, falando de forma simples, mas sem ser vulgar, ou de modo mais elaborado, sem se prender à retórica pela retórica. Assim, muitas as pessoas terão uma barreira a menos na compreensão de seus direitos e sobre quais os caminhos para atingir a justiça, finalidade última do Direito. 

     

    Ednaldo dos Santos, crescido em Solânea-PB, natural de Alagoa Grande-PB, é graduado em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Gamado pelo Direito, especialmente Direito Civil, trabalhou voluntariamente no Ministério Público da Paraíba e atuou como Estagiário e Conciliador no Tribunal de Justiça da Paraíba. e-mail: ednaldojmo@hotmail.com

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