Pela 1ª vez remédio reduz taxa mortalidade de pacientes com Covid

17/06/2020
Profissionais de saúde cuidam de um paciente grave com Covid-19 no Hospital de Magdebourg, em 16 de abril de 2020. (AFP/Ronny Hartmann)
Profissionais de saúde cuidam de um paciente grave com Covid-19 no Hospital de Magdebourg, em 16 de abril de 2020. (AFP/Ronny Hartmann)
Será que finalmente apareceu um medicamento eficaz contra a Covid-19? O corticoide dexametasona, barato e de fácil acesso, é o primeiro remédio a mostrar pela primeira vez que melhora a taxa de sobrevivência de pacientes graves com a doença, de acordo com pesquisadores britânicos.
 

"A dexametasona reduz as mortes em um terço em pacientes sob ventilação artificial", disseram em um comunicado os responsáveis pelo grande ensaio clínico Recovery. Segundo eles, "para cada grupo de oito pacientes submetidos à ventilação artificial, uma morte foi evitada", graças a este corticoide.

Pouco depois do anúncio, o governo britânico disse que o tratamento será usado imediatamente para tratar os pacientes afetados. "A dexametasona é barata, já está no mercado e pode ser usada imediatamente para salvar vidas em todo mundo", disse um dos responsáveis pelo Recovery, o professor Peter Horby, da Universidade de Oxford. "O benefício em termos de sobrevivência é significativo em pacientes graves que vão precisar de oxigênio e para os quais a dexametasona agora deve se tornar o tratamento básico", afirmou.

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Em um vídeo postado em sua conta no Twitter, o ministro da Saúde, Matt Hancock, disse que o Reino Unido tem 200.000 tratamentos armazenados desde março e prontos para uso imediato. Este medicamento já é usado em muitas indicações por seus poderosos efeitos anti-inflamatórios e imunossupressores.

"Este é um grande passo na busca de novas maneiras de tratar pacientes com Covid", declarou o professor Stephen Powis, diretor médico do NHS, o serviço público de saúde britânico. De fato, como apontado pelos responsáveis do Recovery, "a dexametasona é o primeiro medicamento testado que melhora a sobrevida em caso de Covid-19".

 

Um remédio de outra família, o antiviral remdesivir, demonstrou alguma eficácia em acelerar a recuperação de pacientes hospitalizados com a doença. O anúncio foi feito oficialmente no final de abril pelas autoridades americanas. No entanto, o remdesivir não conseguiu provar que evitava mortes.

Coquetel de remédios

Nesta fase, apesar de uma infinidade de pistas, nenhum outro tratamento teve resultados convincentes. No início de junho, o mesmo ensaio Recovery concluiu que a hidroxicloroquina, sobre a qual alguns países têm grandes esperanças, não tinha efeito benéfico contra a Covid-19. Essa descoberta levou as autoridades de saúde americanas a retirarem na segunda-feira (15) a autorização emergencial de uso da hidroxicloroquina no tratamento da doença, bem como um medicamento intimamente relacionado, a cloroquina, que já fora defendida pelo presidente Donald Trump.

Por fim, o grupo hospitalar parisiense AP-HP havia garantido no final de abril que outro remédio, o tocilizumabe, reduzia "significativamente" o risco de morte, ou as admissões em terapia intensiva, de pacientes em estado grave. Essas hipóteses ainda não foram, por enquanto, apoiadas por números, ou pela publicação de um estudo.

Muitos especialistas acreditam que a chave para o tratamento da Covid-19 não será um único medicamento, mas um coquetel com uma combinação de vários produtos. Talvez uma das soluções seja "combinar baixas doses de dexametasona com outras drogas que atuam na inflamação, ou com terapias direcionadas ao vírus, como o remdesivir", explicou nesta terça-feira Stephen Griffin, da Universidade de Leeds.

No estudo Recovery, 2.104 pacientes receberam uma dose de 6 mg por dia de dexametasona (oral ou intravenosa) por dez dias. Comparados a 4.321 outros pacientes que não o tratamento, os pesquisadores determinaram que ele reduziu a mortalidade em um terço nos doentes submetidos à ventilação artificial. Além disso, o número de mortos foi reduzido em um quinto em pacientes menos graves que recebiam oxigênio com uma máscara, sem intubação.

No entanto, a droga não mostrou nenhum benefício para doentes que não precisavam de assistência respiratória. Esses resultados ainda não foram publicados na forma de um estudo detalhado, mas foram tema de um comunicado de imprensa do Recovery.

Após a avaliação da hidroxicloroquina, é a segunda vez que esse importante ensaio clínico britânico permite chegar a uma conclusão importante sobre a Covid-19. No total, mais de 11.500 pacientes de 175 hospitais do Reino Unido estão participando deste estudo que avalia vários tratamentos.

Por RFI




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