Vice-prefeito do Conde renuncia e expõe crise com prefeita

24/09/2019

O vice-prefeito da cidade de Conde, na Grande João Pessoa, Temístocles Ribeiro Filho (PEN), renunciou ao mandato na tarde desta segunda-feira (23). Em carta aberta e lida no Plenário da Câmara de Conde, ele disse que sofreu perseguição por parte da prefeita da cidade, Márcia Lucena (PSB), e classificou a gestão de “coronelismo moderno”.

Antes uma ilha de aparente tranquilidade política, frente ao caos das gestões de Cabedelo, Santa Rita e Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa (RMJP), Conde já enfrenta escândalos com vereadores e agora escancara uma crise entre Temístocles Ribeiro e a prefeita, alvo de várias acusações na carta publicada por ele.

Na carta, ele afirma que depois da posse, viu que o discurso adotado por candidatos na campanha eleitoral não teria sido aplicado na prática nos mandatos e decidiu se afastar do que chamou de “projeto de poder que estava sendo implantado na cidade”. A partir dessa decisão, ele afirma que passou a ser perseguido.

Entre as perseguições, ele afirma que foi afastado da função de médico que ocupava no Hospital de Trauma de João Pessoa. “Quando fui eleito, acreditei que essa forma de politicagem retrógrada, atrasada e barata, baseada em xingamentos e perseguições iria ter um fim, porém isso não aconteceu”, escreveu.

Temístocles explica ainda que exerce a função de médico ortopedista como prestador de serviço do Ortotrauma de Mangabeira, em João Pessoa, aos fins de semana, de forma legal, mas que isso teria sido tratado como ilegalidade a partir de apurações da prefeita de Conde, Márcia Lucena (PSB).

“A gestora de Conde se utilizou de documentos falsos e de inverdades processuais para levar autoridades ao erro em denúncias apócrifas de acúmulo de cargos e utilizou isso como ferramenta para mais uma vez voltar seu arsenal de ataques e perseguições contra mim”.

Ele ainda acusa a prefeita Márcia Lucena de fazer viagens internacionais de forma “constante” e que o Legislativo teria sido comunicado sobre isso, mas não investigou.

A Prefeitura de Conde foi procurada por meio da assessoria de comunicação para comentar as acusações feitas por Temístocles contra Márcia Lucena, mas apenas confirmou a renúncia do vice-prefeito e não deu mais detalhes.

Por volta das 20h desta segunda, a prefeitura divulgou um posicionamento sobre o imbróglio.

A prefeitura diz que Temístocles estava acumulando cargos de forma ilegal e que recebeu notificação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre a situação.

Conde chamou de “fantasiosa” a acusação de Temístocles de que seria perseguido pela prefeita da cidade e rejeitou tudo o que foi apontado por ele em carta-renúncia lida pelos vereadores da Câmara nesta segunda.

A nota termina afirmando que ele “se acovardou diante dos desafios políticos e administrativos”.

Veja abaixo:

“Sobre a renúncia do vice-prefeito de Conde:

1 – A Prefeitura Municipal de Conde atribui a renúncia do vice-prefeito ao fato de ele ter sido flagrado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) cometendo acumulação de cargo público, o que é vedado por lei;

2 – O TCE notificou a Prefeitura sobre a ilegalidade, e a Secretaria de Administração do Município procedeu de forma a que o então vice-prefeito optasse por uma das remunerações e sanasse a ilegalidade, o que ele se recusou a fazer, obrigando a Prefeitura a suspender o subsídio a que ele tinha direito sob pena de o município também afrontar a legislação em vigor;

3 – A Prefeitura considera fantasiosa a afirmação do renunciante apresentada em carta encaminhada à Câmara Municipal de que seria vítima de perseguições por parte de integrantes da Gestão Municipal, fato que teria causado a renúncia;

4 – Na verdade, ele resolveu politizar a opção que fez: a de não assumir suas responsabilidades de gestor público permanecendo no cargo e renunciando ao outro emprego. Optou por mentir quanto à realidade dos fatos, traindo a confiança dos que acreditaram no seu anunciado intento de contribuir com trabalho para o desenvolvimento do Município;

4 – A Prefeitura rejeita as acusações descabidas aos integrantes da equipe gestora, e lamenta o desfecho decepcionante da curta trajetória política de um cidadão que se acovardou diante dos desafios políticos e administrativos impostos àqueles realmente com coragem de lutar em defesa da população condense.
A PREFEITURA
Conde, 23 de setembro de 2019″

O presidente da Câmara de Conde, Carlos André, conhecido como ‘Carlos Manga Rosa’, foi procurado pelo Portal Correio para falar sobre o teor da carta, mas os dois telefones tentados não foram atendidos.

Portal Correio




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