PM que baleou dois em pizzaria na PB achou que vítima iria assaltar carro, diz advogado

14/12/2018
Policial militar atirou contra grupo que chegava em pizzaria, em João Pessoa, diz delegado — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
Policial militar atirou contra grupo que chegava em pizzaria, em João Pessoa, diz delegado — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

soldado da Polícia Militar suspeito de matar um jovem e um ferir outro em frente a uma pizzaria no bairro do Aeroclube, em João Pessoa, na noite de quarta-feira (12), acreditou que se a vítima que morreu no local, e que chegou em uma motocicleta, estava abordando um carro para assaltar. A informação foi confirmada nesta quinta-feira (13) pelo advogado Luiz Pereira, da Caixa Beneficente da Polícia Militar, que também faz a defesa do soldado Fernando Vieira. 

 

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Ainda de acordo com relato do soldado envolvido no tiroteio ao advogado, ele julgou suspeita a chegada de dois homens, sendo um deles o jovem baleado, na motocicleta e em seguida a abordagem a um carro que parou em frente a pizzaria. Na versão das testemunhas, a dupla chegou em uma motocicleta para uma confraternização no local e se dirigiu ao carro porque o restante dos amigos estavam no veículo.

“O policial avistou os dois rapazes na motocicleta, passou a acompanhar a movimentação e entendeu que a aproximação deles ao carro se tratava de um assalto. Ele contou que deu voz, porém os homens não atenderam, até porque acredito que pensaram até que não era com eles. Foi então que policial sacou a arma e atirou”, explicou o advogado.

 

A defesa explica que Fernando Vieira percebeu que não se tratava de um assalto logo após os tiros e se arrependeu. Pediu que o seu irmão, que é funcionário da pizzaria, acionasse o Samu e ele mesmo ligou para a Polícia Militar. “Ele contou que não ficou no local porque teve medo de um sentimento revolta por parte dos amigos das vítimas e acreditou que poderia ser linchado. Para evitar uma tragédia ainda maior, decidiu ir embora”, comentou o advogado de defesa.

O comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, onde o soldado Fernando Vieira, capitão Guilherme Herculano, explicou que um procedimento administrativo foi aberto pela corregedoria da corporação, em paralelo ao inquérito policial investigado pela Polícia Civil. "O soldado é um policial exemplar, nunca trouxe problemas", assegurou o comandante.

 

Policial não era segurança

 

O advogado de defesa do soldado Fernando Vieira também negou que o policial seja vigilante da pizzaria. De acordo com Luiz Pereira, o policial estava no estabelecimento na noite de quarta-feira para tratar de assuntos pessoais com o irmão, que é funcionário da pizzaria.

“O irmão dele, inclusive, foi quem prestou todo o socorro e assistência aos baleados porque o policial não quis permanecer no local para evitar que um tumulto fosse instalado e ele precisasse sacar a arma mais uma vez para se resguardar”, explicou o advogado.

 

Ato em defesa do outro

 

A linha da defesa do policial militar vai ser montada a partir do princípio de que ele agiu em legítima defesa. “Na sua fé de estar ocorrendo o crime, não se tratava de um delito, a sua ação teria sido para repelir uma agressão”, comentou o advogado. Ainda de acordo com o advogado, foram dados poucos disparos, somente o necessário para repelir o suposto risco.

 

“O rapaz que morreu no local só foi atingido por um tiro. Foram três tiros disparados pelo policial, apenas para neutralizar o que na cabeça dele era uma ameaça”, comentou.

Ainda de acordo com Luiz Pereira, advogado de defesa do policial, o soldado tem pouco menos de 10 anos de trabalhos prestados na Polícia Militar, e, até a noite de quarta-feira, não tinha se envolvido com nenhum outro episódio desse tipo.

“Nunca se envolveu em nenhum tipo de violência dessa natureza, não tem incidência de indisciplina, não apresentou nenhum traço de anormalidade, de comportamento desvirtuado da atividade policial”, garantiu o advogado.

O crime

 

Por volta das 19h (horário local desta quarta-feira (12), um jovem de 25 morreu e outro de 22 anos ficou ferido na frente do Rodízio do Paulista, no Jardim Oceania. Até a manhã desta quinta-feira (13), o homem ferido segue internado no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa em estado grave.

No local do crime, foram encontradas três cápsulas de pistola calibre .40, o que indica que a arma pertence ao sistema de segurança do Estado da Paraíba, de acordo com o delegado que investiga o crime. O amigo da vítima que morreu no local relatou que pediu para não morrer e que o policial militar já chegou atirando.

Do G1PB




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