Tripulação do voo da Chape sabia de emergência 40 minutos antes de queda, diz relatório final

28/04/2018
Tragédia com avião do time de futebol Chapecoense - Jaime Saldarriaga
Tragédia com avião do time de futebol Chapecoense - Jaime Saldarriaga
A Aeronáutica Civil da Colômbia divulgou nesta sexta-feira as conclusões da investigação sobre o acidente aéreo do voo da Chapecoense, que deixou 71 mortos e seis feridos em novembro de 2016. As autoridades colombianas constataram que o avião ficou em estado de emergência por 40 minutos antes de cair, sem combustível, nas montanhas dos arredores de Medellín.

Os investigadores atribuíram a pane seca — em consequência, o acidente — à gestão de risco ineficiente da empresa áerea LaMia. A apuração mostrou que o combustível do avião não era suficiente para cumprir o trajeto entre Santa Cruz e Medellín sem fazer a escala. No contrato do transporte, que não foi obedecido, estava prevista uma parada em São Paulo. A companhia fretada decidiu realizar o voo direto e não respeitou a quantidade mínima de combustível exigida pelas normas internacionais. 
 
Acompanhe o Bananeiras Online também pelo twitterfacebookinstagram youtube

"A aeronave não tinha o combustível requerido para voar a um aeroporto alternativo, de contigência, de reserva nem o combustível mínimo de aterrissagem", lê-se na nota da Aeronáutica Civil. O déficit do voo era de 2,303 quilos de combustível em comparação com a quantidade mínima exigida para o trajeto.

Mesmo com luzes vermelhas e sinais sonoros na cabine, a tripulação nada fez diante da emergência. Os motores pararam de funcionar e o avião bateu nas montanhas, perto do aeroporto no qual deveria pousar para a final da Taça Sul-Americana.

Os investigadores ressaltaram que o controle do tráfego aérea não tinha conhecimento da "situação gravíssima" do voo. Os investigadores constataram "ausência de chamados oportunos" da tripulação sobre a emergência diante da iminência da pane seca, o que tardou a aproximação do avião ao aeroporto.

"Nem a empresa nem a tripulação, mesmo consciente da escassa quantidade de gasolina para terminar o voo até Rionegro, tomaram a decisão de aterrissar em um outro aeroporto em rota para reabastecer e completar, assim, a quantidade mínima de combustível para chegar com segurança ao destino final", destacaram as autoridades.

A LaMia estava em situação precária e nem conseguia pagar sem atraso os salários dos funcionários, cujos exames médicos estavam em dia, diz a Aeronáutica Civil. A companhia ainda mostrava problemas em seu sistema de gestão de segurança operacional. A investigação durou um ano e cinco meses e envolveu instituições de cinco países.

Segundo o órgão, as conclusões partiram de análises das caixas-pretas do avião e o objetivo da investigação não era apontar culpados nem pedir punição. A ideia era apurar as circunstâncias do acidente, em caráter preventivo, para evitar que novas tragédias aconteçam.

O Globo
 



Outras Not?cias