Como foi viver o River x Boca que não aconteceu

25/11/2018

 

Ao descer para tomar café da manhã e ver as pessoas agindo como se fosse um dia como outro quase me espanto. A ansiedade flerta com a indignação. Como pode, é dia de River x Boca e da maior final da história da Copa Libertadores. Mas não precisei pensar muito a respeito, a refeição é rápida, apesar de sabe-se lá quando me alimentaria de novo.

O clima de Libertadores – e de uma cidade dividida – foi sentido assim que cheguei ao Hotel Madero, onde o Boca Juniors estava hospedado. Antes mesmo das 11h, as pessoas já se juntavam nas grades que cercavam o local. Era o contato que os xeneizes teriam com o time no jogo no Monumental de Núñez, com torcida única. As pessoas iam se aglomerando, as barreiras de proteção tremiam ao passo que se tornavam instrumento de percussão e a fumaça azul e amarela se alastrava cada vez mais.

Era hora de vivenciar outro lado. A transição já começa quando o taxista paraguaio se diz fã do River, ainda que tenha vindo de longe. Longe, aliás, é onde fico do Monumental. Os anéis de isolamento são externos e, sequer, é possível se aproximar do estádio. “É River x Boca”, diz uma agente de trânsito quando pergunto se já houve um esquema de isolamento tão grande.

A atmosfera da casa da final da Libertadores é de um lado só, e isolado. Volto ao outro lado. A transição é feita com outro motorista torcedor do River, este trajando a camisa do clube. “Vou ao hotel do Boca, acho importante avisá-lo”. “É só futebol”, responde.

A fala racional para o cliente vai dando espaço ao lado emocional quando a conversa no pedágio com a atendente é sobre a final que ocorreria em algumas horas. Pouco depois, músicas da torcida millonaria ficam mais altas. O som também é mais amplo quando chego no hotel do Boca novamente, a poucos minutos antes de o ônibus sair. E a festa também é mais intensa. E isso fica claro quando percebo que torcedores tomaram um guindaste à frente do hotel simplesmente para gritarem o seu amor pelo Boca.

‘Permisos’, ‘perdóname’ e ‘gracias’ até me são úteis para me aproximar da barreira dos agentes de segurança. Quando digo que estava trabalhando, torcedores foram ainda mais atenciosos, a ponto de, nas grades, me levantarem para ultrapassar o obstáculo, enquanto um segurança segurava minha mochila.

 

Fiquei extremamente agradecido pela solicitude, ainda mais para pessoas que abdicavam de um pouco de espaço e de tempo, pontos tão valiosos naquela circunstância. Mas certamente houve quem ficou mais agradecido. Assim que os jogadores começaram a entrar no ônibus, o descontrole veio à tona, sobretudo quando Carlos Tevez apareceu. O amor provou literalmente quebrar barreiras, no momento em que torcedores alcançaram o atacante. Um garoto conseguiu o autógrafo do ídolo, que logo pode ter ficado borrado pelas lágrimas que escorriam de seu rosto.

Mas, assim como o amor, o seu oposto também quebra barreiras. O clima de festa em diferentes pontos da cidade e por paixões opostas deu lugar à tristeza e reprovação, quando o ônibus do Boca foi atingido e viu suas janelas se estilhaçarem.

 

A ideia de acompanhar o jogo ao lado de torcedores de uma das equipes virou volta ao hotel, entrada ao vivo na televisão por telefone e ida ao Monumental. Entre atraso do início da partida após outro, cheguei ao mais próximo possível do palco da final quando o jogo, a princípio, estava marcado entre 19h15 e 19h30, do horário local, ou seja, mais de duas horas após o previsto do pontapé inicial. Em meio a pedradas de torcedores contra o cordão policial e o revide com jatos d’água veio a confirmação de que a final ficou para domingo. Foi somente então que pude chegar bem perto do Monumental de Núnez, quando já era certo que não haveria futebol.

Isso não me impediu de ir em seguida ao Obelisco, onde, na teoria, se celebraria a festa do campeão. Curiosamente, cheguei às 21h locais, quando, também na teoria, o ponto de referência se pintaria da cor do time campeão. Mas não houve campeão, e o máximo que se viu foram algumas pessoas dando uma pausa em só mais um dia – as pessoas do café da manhã estavam certas? – ou outras tirando fotos em um dos cartões postais de Buenos Aires. Nem parecia que era dia de final entre River e Boca. Aliás, não foi.

 

A ideia de acompanhar o jogo ao lado de torcedores de uma das equipes virou volta ao hotel, entrada ao vivo na televisão por telefone e ida ao Monumental. Entre atraso do início da partida após outro, cheguei ao mais próximo possível do palco da final quando o jogo, a princípio, estava marcado entre 19h15 e 19h30, do horário local, ou seja, mais de duas horas após o previsto do pontapé inicial. Em meio a pedradas de torcedores contra o cordão policial e o revide com jatos d’água veio a confirmação de que a final ficou para domingo. Foi somente então que pude chegar bem perto do Monumental de Núnez, quando já era certo que não haveria futebol.

Isso não me impediu de ir em seguida ao Obelisco, onde, na teoria, se celebraria a festa do campeão. Curiosamente, cheguei às 21h locais, quando, também na teoria, o ponto de referência se pintaria da cor do time campeão. Mas não houve campeão, e o máximo que se viu foram algumas pessoas dando uma pausa em só mais um dia – as pessoas do café da manhã estavam certas? – ou outras tirando fotos em um dos cartões postais de Buenos Aires. Nem parecia que era dia de final entre River e Boca. Aliás, não foi.

 

A ideia de acompanhar o jogo ao lado de torcedores de uma das equipes virou volta ao hotel, entrada ao vivo na televisão por telefone e ida ao Monumental. Entre atraso do início da partida após outro, cheguei ao mais próximo possível do palco da final quando o jogo, a princípio, estava marcado entre 19h15 e 19h30, do horário local, ou seja, mais de duas horas após o previsto do pontapé inicial. Em meio a pedradas de torcedores contra o cordão policial e o revide com jatos d’água veio a confirmação de que a final ficou para domingo. Foi somente então que pude chegar bem perto do Monumental de Núnez, quando já era certo que não haveria futebol.

Isso não me impediu de ir em seguida ao Obelisco, onde, na teoria, se celebraria a festa do campeão. Curiosamente, cheguei às 21h locais, quando, também na teoria, o ponto de referência se pintaria da cor do time campeão. Mas não houve campeão, e o máximo que se viu foram algumas pessoas dando uma pausa em só mais um dia – as pessoas do café da manhã estavam certas? – ou outras tirando fotos em um dos cartões postais de Buenos Aires. Nem parecia que era dia de final entre River e Boca. Aliás, não foi.

ESPN.com.br

 



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