Escolas em tempo integral não estão agradando na Paraíba

15/11/2017

 A Paraíba ganhará no próximo ano mais 67 Escolas Cidadãs Integrais, entre técnicas (ECIT) e convencionais (ECI), fechando 2018 com 100 equipamentos em todo o Estado. O anúncio, realizado na manhã de ontem no Espaço Cultural José Lins do Rego, não agradou professores da rede estadual de ensino, que acreditam que ficarão prejudicados com as mudanças nestas unidades.

Isto porque os novos equipamentos não são de fato novos, mas sim escolas antigas que serão requalificadas e transformadas em unidades de ensino integral, com turno de 9 horas e 30 minutos. Na mudança, os professores também acompanharão a nova carga horária.

A mudança prejudicaria os docentes que têm um segundo emprego. É o que afirma um dos coordenadores do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação do Estado da Paraíba (Sintep), Antônio Arruda. “É um projeto que veio de cima para baixo, não foi discutido com a categoria. A maior parte dos professores hoje tem dois empregos, para complementar a renda. Se ele for obrigado a trabalhar integralmente, ele terá que abdicar de um deles”, disse.

Segundo informações da Associação dos Professores em Licenciatura Plena do Estado da Paraíba (APLP), um professor inicial classe A polivalente ganha hoje R$ 1.724. Se optar por seguir na escola integral, ele terá um acréscimo de R$ 1.000 nessa renda, valor insuficiente para muitos que têm dois empregos, destaca o presidente do Sintep, Antônio Arruda.

“Não compensa. Um professor que trabalha na prefeitura, por exemplo, teria que deixar seu trabalho para se dedicar integralmente ao Estado, mas o valor não compensa”, disse.

Na solenidade de anúncio da expansão das escolas integrais, o governador Ricardo Coutinho disse que os professores não serão prejudicados com as mudanças e afirmou que as políticas para educação têm como foco a melhoria do ensino para as novas gerações.

“A escola existe em função dos estudantes, não para quem milita e trabalha lá. Ninguém é proprietário da escola, ela existe para servir aos estudantes. Todos os professores têm a oportunidade de continuar na escola, desde que sejam exclusivos. É um direito da Secretaria de Educação”, disse.

Na avaliação do governador, a dinâmica das escolas integrais exige novas logísticas de trabalho por parte dos educadores.

Estudantes protestam. Enquanto acontecia a solenidade de anúncio das novas escolas integrais, estudantes da rede estadual de ensino fizeram protesto em diversos pontos do Centro de João Pessoa. Na frente da Escola Professor Olivina Olívia, uma das que passarão a ter ensino integral no próximo ano, estudantes se aglomeraram para criticar a mudança.

Uma das líderes do grupo, a estudante Geny Karla, de 19 anos, disse que a escola não tem estrutura para comportar todos os alunos em tempo integral. Além disso, uma prova será realizada para definir os alunos que ficarão no colégio, método de ingresso que ela não concorda.

“A escola é grande, mas tem estrutura para suportar o ensino regular, ou seja, manhã e tarde. Se for integral, não vai comportar, e muitos alunos vão ter que sair de lá. Não tem como suportar 1.800 alunos de manhã. Se tornar integral, vão sair 1.300. Os que querem ficar vão ter que fazer uma prova. Os professores também vão ter que sair, pois têm vários que trabalham no outro turno, assim como vários alunos”, salientou a estudante.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação (SEE) para informar o montante investido para a reestruturação das escolas, bem como comentar a insatisfação dos alunos sobre o corte do quadro discente, mas até o fechamento desta edição não teve a demanda atendida.

 
Correio da Paraíba



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