Brasil supera 100 mil mortes por covid-19 e casos avançam no interior

10/08/2020
(Alessandro Dahan/Getty Images)
(Alessandro Dahan/Getty Images)
 O Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortes causadas pela covid-19, neste sábado, 8, segundo levantamento dos veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de Saúde.

O balanço, atualizado às 13h30 horas, mostra que o país tem um total de 100.240 óbitos e 2.988.796 casos confirmados da doença. Os dados são compilados pelo consórcio que reúne UOL, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra.

Desde o começo junho, a média móvel, que contabiliza as mortes nos últimos sete dias, é superior a mil confirmações diárias.

Nestes dois meses, o Brasil foi o que mais teve registros em 24 horas que qualquer outro país no mundo. Nas raras ocasiões em que não esteve em primeiro lugar, só ficou atrás dos Estados Unidos – que tem um total de 160 mil vítimas – por uma diferença de 100 óbitos.

“A epidemia ainda avança na maior parte do Brasil. Há locais em que o número de casos e óbitos caiu nos últimos meses, mas há muitas regiões em que houve aumento, como no Sul e Centro-Oeste. E ainda há estados populosos em que o número de casos e óbitos têm se mantido constante e em números elevados, como São Paulo e Bahia. No balanço nacional, isso leva a este número elevado de mortes”, explicam os membros e pesquisadores do Observatório Covid-19 BR, Vitor Mori, Camila Estevam, Roberto Kraenkel, Paulo Inácio Prado.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, e confirmados pelo consórcio de imprensa, nas últimas dez semanas epidemiológicas, a média de mortes por covid-19 a cada sete dias é de 7.000 (veja o gráfico abaixo).

As semanas epidemiológicas são estabelecidas por convenção internacional para o controle e apuração de dados sobre uma epidemia ou pandemia. Sempre são contadas de domingo a sábado. É a maneira mais indicada por cientistas para fazer as análises. As primeiras mortes no Brasil foram registradas na semana 12, no fim de março.

Interiorização

Se em abril as capitais dos estados do SudesteNorte e Nordeste ocupavam uma parcela maior neste total de vítimas, nos últimos dois meses as regiões do interior do Sul e Centro-Oeste passaram a ocupar uma parte mais significativa dos registros, como mostra o gráfico abaixo.

Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul somaram na última semana quase 1.000 mortes, um crescimento de 12% em relação à semana anterior. Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e o Distrito Federal tiveram juntos 900 óbitos em sete dias, um aumento de quase 10% comparando com a semana anterior.

“A interiorização explica o fato de nos mantermos em um platô [estabilidade] de casos e mortes. Isso indica que o contágio está ainda muito intenso, que não conseguimos controlar a epidemia”, dizem os pesquisadores do Observatório Covid-19 BR.

De acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que contabiliza os dados de 26 de julho a 1º de agosto, as regiões metropolitanas tiveram 53% do total de 7.114 mortes no período, em comparação com o interior. E essa diferença é cada vez menor.

Segunda onda

Mesmo sem ter passado a primeira fase de contágio, há uma grande preocupação com uma segunda onda. Países da Europa, como Alemanha e Espanha, estão registrando novas infecções, principalmente na população mais jovem.

“Podemos ter uma segunda onda porque ainda há muitas pessoas suscetíveis, como mostram vários inquéritos sorológicos. O controle da pandemia depende da tomada de ações. E estamos indo justamente na direção contrária, com reaberturas prematuras,sem que medidas de rastreamento de contatos estejam amplamente implementadas“, afirmam os pesquisadores.

A grande esperança ainda é a vacina. Na melhor das hipóteses, com todos os testes concluídos positivamente, ela poderia começar a ser produzida no Brasil a partir de novembro. Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro assinou uma Medida Provisória que libera 1,9 bilhão de reais para fabricar a vacina de Oxford.

Até lá, provavelmente vamos conviver com estes números altos e ultrapassar outras marcas de casos e de mortes.

Por Gilson Garrett Jr., da EXAME, e Alex Halpern, do Insper




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