Cesare Battisti aterrissa em Roma após quase 40 anos foragido

15/01/2019
Italiano chegou a Roma nesta segunda (14) para cumprir prisão perpétua (REUTERS/Max Rossi)
Italiano chegou a Roma nesta segunda (14) para cumprir prisão perpétua (REUTERS/Max Rossi)

O avião com o condenado a prisão perpétua Cesare Battisti, de 64 anos, chegou ao aeroporto Ciampino, em Roma, na Itália, por volta das 11h30 no horário local (8h30, no horário de Brasília). O italiano deixou a Bolívia na tarde deste domingo (13).

Battisti — foragido da Justiça brasileira desde dezembro do ano passado — foi preso na tarde do último sábado (12), depois de agentes bolivianos constatarem que ele não tinha documentos legais para a entrada no país. 

Sentenciado por quatro assassinatos cometidos na década de 1970 e considerado "terrorista", Battisti volta à Itália após décadas de fuga.

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O ministro do Interior da Bolívia, Carlos Romero, afirmou que Battisti foi expulso por ingresso ilegal no país.

Na Itália, Battisti ficará em cela com isolamento por seis meses e depois será transferido para a ala de segurança máxima, reservada a terroristas, do centro de detenção de Rebibbia, que fica perto de Roma.

Battisti desembarcou no aeroporto Ciampino por volta das 11h30 no horário local

Battisti desembarcou no aeroporto Ciampino por volta das 11h30 no horário local

Max Rossi/Reuters - 14.01.2019
 

Entenda o caso

No Brasil desde 2004, o italiano foi preso três anos depois. O governo da Itália pediu sua extradição, aceita pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pela Suprema Corte.

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), mesmo antes de empossado, defendia a extradição de Battisti. Nos últimos dias do governo Michel Temer, o STF ratificou a transferência para a Itália, mas Battisti não foi encontrado após a decisão.

Vítimas

Condenado à prisão perpétua na Itália, Battisti foi sentenciado pelo assassinato de quatro pessoas, na década de 1970, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, um braço das Brigadas Vermelhas. Ele se diz inocente.

A primeira vítima foi Antonio Santoro, um marechal da polícia penitenciária de 52 anos. Ele vivia uma vida tranquila com a mulher e três filhos em Udine, mas, em 6 de junho de 1978, foi morto pelo grupo PAC (Proletários Armados pelo Comunismo). Segundo os investigadores, os assassinos o esperaram na saída da prisão e o balearam. A Justiça diz que Battisti e uma cúmplice foram os autores dos disparos, e os dois teriam trocado falsas carícias até o momento do atentado.

Em 16 de fevereiro de 1979, os PAC fizeram uma ação dupla, matando o joalheiro Pierluigi Torregiani, em Milão, e o açougueiro Lino Sabbadin, em Mestre, parte de Veneza que fica em terra firme. Na reivindicação, o grupo disse ter "colocado fim" à sua "esquálida existência". Tanto o joalheiro quanto o açougueiro haviam matado ladrões a tiros em tentativas de roubo, e os atentados teriam sido uma vingança. O açougueiro era militante do partido neofascista MSI (Movimento Social Italiano).

A quarta vítima era o policial Andrea Campagna, morto em 19 de abril de 1979, em Milão. Um desconhecido se aproximou do agente e disparou a sangue frio. "Esperamos que desta vez ele seja extraditado", disse o irmão de Campagna, Maurizio, que ainda está cético quanto à possibilidade de Battisti cumprir sua pena.

Italiano foi preso na tarde deste sábado (12)

Italiano foi preso na tarde deste sábado (12)

Max Rossi/Reuters - 14.01.2019

Defesa

O advogado que defende Cesare Battisti no Brasil, Igor Tamasauskas, emitiu uma nota neste domingo em que afirma esperar "respeito aos direitos fundamentais" de seu cliente no desfecho do caso. Ele não pode atuar até que Battisti esteja em território nacional.

"A respeito da prisão do Cesare Batistti temos a informar que, como as notícias dão conta de que ele não se encontra no Brasil, seus advogados brasileiros não possuem habilitação legal para atuar em outra jurisdição que não a brasileira. Esperamos que o caso tenha um desfecho de respeito aos direitos fundamentais de nosso cliente", informa Tamasauskas.

Do R7



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