Colunista Jofre Garcia



  • O QUE É SER EVANGÉLICO?

    14/07/2016

    “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”.

     (1Pedro 2.9)

     

    No início da Reforma Protestante, aqueles que participaram ativamente do movimento foram chamados de “evangélicos” antes mesmo de receberem a alcunha de “protestantes”.  Isto se deu por causa do conteúdo de sua mensagem ser centrada na Bíblia, ou como preferiam mencionavam-na de Evangelho!

    Evangélico, então, era todo aquele que primava pela mensagem bíblica autêntica, recusando as invenções humanas, as tradições populares e os dogmas religiosos nascidos dos concílios e especulações teológicas.

    Com o passar do tempo, novas nomenclaturas foram sendo criadas para identificar aquele movimento que promovia a quebra do monopólio da religião no ocidente europeu: protestantes, huguenotes, reformados, anglicanos, independentes, puritanos, foram alguns dos rótulos criados. Geralmente, tais designações tinham origem depreciativa que eram impostas aos revolucionários da fé. Afinal, eles haviam desafiado o poder da religião dominante e o amalgama igreja-estado reinante empenhando para isso a própria vida.

    Evangélico, então, era todo aquele que corajosamente, mesmo em face da morte testemunhava da salvação por meio exclusivo de Jesus Cristo, conforme o Evangelho-Bíblia claramente expunha em detrimento aos esquemas de barganhas religiosas e as compras de favores divinos por meio do vil metal.

    No decorrer dos séculos, após os avivamentos e o grande esforço missionário, o movimento evangélico alcançou os quatro cantos do globo terrestre. Na América Latina, principalmente no Brasil, receberam a alcunha de “crentes”. Ora, sendo esta a mais simpática alusão a sua fé, pois há quem lhes cognominava de “bodes” e até “sapos”. O apego a Bíblia, a frequência na dinâmica das igrejas e o profundo aspecto moralista de seu viver social lhes valeram ridicularizações, mas também, admiração e respeito (é claro que estou evitando as exceções).

    Evangélico, então, era todo aquele que se dispunha a seguir o padrão de fé, de comunidade e de ética social conforme as Escrituras Sagradas (O Evangelho) prescreviam. Mesmo que tal escolha o expusesse a situações de humilhações e constrangimentos. Seguir e servir a Cristo compensava qualquer perseguição, sendo até mesmo honroso e glorioso, porque Jesus é o sentido de sua vida.

    A pós-modernidade, o consumismo, o individualismo exacerbado e o misticismo crescente também atingiram os evangélicos, principalmente na ultima metade do século XX e de maneira espantosa no início do século XXI. Movimentos sincréticos assolam a Igreja Evangélica brasileira e dominam as mídias mais consumidas pela população, o resultado disso tudo: um show de horrores em nome de Jesus. Sem compromisso com as Sagradas Escrituras, aliás, deturpando-a aos interesses comerciais e conquistas financeiras, a mensagem evangélica do porvir foi transformada numa frenética busca por prosperidade temporal: O céu é aqui!

    Evangélico, então, passou a ser qualquer um, sem significado, sem compromisso doutrinário, sem domínio das Escrituras, sem preocupação com a ética social, sem ter sede e fome de justiça, em fim, sem transformação verdadeira e sem novo nascimento. Porém, eficiente em gesticulações teatrais, preciso nas repetições pedantes das frases de efeito para convencimento dos incautos e extremamente criativo nos espetáculos dantescos e circenses de idiotização da fé.

    É preciso um resgate, não apenas do significado do termo, mas da própria essência do que é ser um evangélico. Rejeitar a exploração da fé, as distorções teológicas, o uso premeditadamente casuísta de recortes dos textos bíblicos e anunciar verdadeiramente o Evangelho de Deus: Jesus Cristo!

    Evangélico, então, é aquele que tem consciência de ser um perdido pecador, morto em delitos e pecado, mas que recebe de Deus, através de Cristo, a vida eterna (Romanos 6.23; Efésio 2.1).

    Evangélico, então, é aquele que tem convicção de pertença, sabe que não está largado numa existência vazia e sem sentido, pois faz parte da família de Deus, por adoção, em Cristo Jesus, não vivendo mais para si mesmo para aqu’Ele que o conquistou (Romanos 8.31-39; Efésios 1.5; Filipenses 3.12-14).

    Evangélico, então, é aquele que compreende que sua pátria celeste lhe move a viver de forma digna dos servos do Rei, conduz sua rotina diária como um modo de proclamação do Evangelho e cuja adoração é um estilo de vida, em espírito e em verdade, e não apenas um momento musical de um culto (Filipenses 1.27-30; Hebreus 11.16; João 4.24).

    Evangélico, então, é aquele a quem é desvendado o significado de João 3.16:

    Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

     

    Em Cristo, que nos transporta das trevas para sua maravilhosa luz.

     

    Jofre Garcia Luna

     

    Teologia pela FATEN (Faculdade Integrada de Teologia)

    Teologia Sistemática pelo IBBB (Instituto Bíblico Betel Brasileiro)

    Pós-Graduação em Ciência da Religião - FATEN

    Graduando em Direito – UEPB

    Radialista Profissional – STERT -PB

    Presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil – Guarabira - PB

    Servindo como Pastor na Igreja Presbiteriana de Solânea – PB

    Secretário do CONPLESOL – (Conselho de Pastores e Líderes Evangélicos de Solânea)

     

    E-mail: presbiterojofre@gmail.com